PROJECTO (QUASE) FALHADO

Desengane-se quem pensa que o cenário de eleições antecipadas resolve alguma coisa.

Ao dia de hoje, existe a sensação de que o projeto desportivo 2021-2025 do Sport Lisboa e Benfica irá falhar antecipadamente. À entrada para o último ano do mandato em curso, já nem vale a pena escrever que os resultados desportivos iniciais não estão de acordo com os pergaminhos do Clube. Pior: não estão a ser, de todo, condizentes com a necessidade urgente que o Benfica tem de ganhar e de todos convencer.

Foi o Presidente Rui Costa quem, em finais de maio, sentado no Campus do Seixal numa entrevista aberta a todos os meios de comunicação, disse (e passo a citar) que “o que Schmidt fez há um ano não é obra do acaso”, que “seria mais fácil, ágil e populista mudar de treinador e partir para uma nova era”, que “devíamos ter feito mais, tivemos problemas” e que “Schmidt não pode ser o bode expiatório”.

Hoje somos levados a pensar se a conquista da liga 2022-23 não foi fruto do acaso. Em particular, com base no decréscimo acentuado do desempenho desportivo nos últimos 5 meses dessa mesma época precipitado pela venda de um jogador pendular ao final de um semestre da sua contratação milionária e que devia ter sido proibido de sair para dele se exigir brio profissional. Nesta casa exige-se e só se não corresponder é que deve sair. Enzo Fernández estava a corresponder independentemente da sua atitude errática fora de campo.

Mas como a necessidade financeira é tanta e a dívida da SAD é um sorvedouro de dinheiro, há que vender. Entre junho de 2021 (época 2021-22) e agosto de 2024 (época 2024-25), o Benfica amealhou em vendas de jogadores 582.620.000,00 EUR e gastou em contratações 278.050.000,00 EUR. Portanto, a receita e o saldo operacional positivo de 304.570.000,00 EUR serviu para uma liga e uma supertaça até hoje. Percebem porque é que os sócios se manifestam? Porque o que interessa é ganhar, independentemente de faturarmos muito ou pouco. Nem todos os sócios e adeptos são acionistas da SAD para receberem lucros (nem quereriam), nem esta os distribui pela sua dupla acionista Clube e SGPS (se assim fosse, o Clube já teria resolvido muitos problemas graves).

E quando não se ganha regularmente ao mesmo tempo que as contas são um descalabro, então o cenário é dantesco. Porque coloca o Benfica ainda mais dependente das vitórias e sem margem para errar. Mas tudo tem um limite. O modus operandi de quem representa o Benfica desde 1994 é fazer all-ins e gastar (muito) dinheiro que não tem para correr atrás do prejuízo desportivo de épocas anteriores e quando os sócios aumentam o tom.

O projeto global (desportivo e não só) do Benfica está invertido. A experiência ensina-nos que é preciso ganhar para ter sucesso financeiro. O segundo depende do primeiro. Mas não a todo o custo como sempre aconteceu ao serem gastos milhões em jogadores e não numa equipa. Há que parar em determinada altura para se pensar a 5 e 10 anos. Comunica-se com transparência a quem temos de servir para explicar que os erros não voltarão a suceder e sem hipotecar o futuro.

Atualmente, os sócios estão mais informados e procuram-se certificar do que se passa em torno do Maior. É por isso que se manifestam de forma mais agressiva porque sabem que as coisas podem e DEVEM ser feitas de forma diferente e mais responsável.

Mas desengane-se quem pensa que o cenário de eleições antecipadas resolve alguma coisa. Nada de pior poderia acontecer ao Benfica, incluindo desportivamente. Quem foi eleito deve assumir a sua responsabilidade até ao fim e a antecipação eleitoral só provaria que o futuro não só está completamente hipotecado como não há forma de o resolver a curto prazo.

João Diogo Manteigas, sócio 12.262

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