Unicidade Desportiva
O Glorioso é único. Não é mais um no meio de outros. No máximo, poderá pensar em parcerias estratégicas de capital (vender ações) mas com uma condição: o Clube terá que adquirir antecipadamente mais capital da SAD por um preço justo de mercado a outros sócios por ter direito de preferência.
O Sport Lisboa e Benfica tem que ser protegido de qualquer intrusão deste género ou natureza.
Foi notícia há uns dias que o Olympique Lyonnais (Lyon) comunicou uma dívida superior a 500 milhões de euros à Direção Nacional de Controlo e Gestão francesa. À partida, não vai poder contratar jogadores no mercado de Janeiro 2025 e estará sujeito a restrições salariais. Mas a cereja no topo do bolo é a possibilidade de despromoção à 2.ª liga francesa caso não apresente melhorias financeiras até ao final desta temporada 2024-25. O Lyon está, hoje, no 5.º lugar da Ligue 1 com 19 pontos (11.ª jornada).
Gostaria de parabenizar a nossa Liga Portuguesa por executar este tipo de controlo francês. Mas não é possível pois enquanto assistirmos a casos como o Boavista não há licenciamento de sociedades desportivas que valha, nem procedimentos compostos por requisitos cumulativos (incluindo de natureza financeira - 1.2.1 do Manual de Licenciamento de Competições) que sobrevivam ou sustentabilidade económica e financeira que aguente.
O Lyon nasceu em 1950. Não tem comparação com o Glorioso. Longe disso. Mas tem o seu mérito histórico. Entre outros títulos nacionais, tem a particularidade de ter sido heptacampeão francês. Algo que nem o PSG conseguiu com linha de crédito aberta via Qatar, nem o nosso querido Borges Coutinho com 7 ligas (entre Abril de 1969 e Maio de 1977) devido à dupla intromissão do sporting em 1969-70 e 1973-74. E se quisermos aprofundar ao feminino, o Lyon foi campeão 21 vezes desde a criação da Liga em 1974-75 e domina a Champions com 8 títulos desde a sua fundação em 2001-02.
O pedaço de sucesso desportivo dominador interno do Lyon tem um nome: Jean-Michel Aulas, Presidente desde a época 1987-88 até ter chegado a acordo, em dezembro de 2022, com a holding “Eagle Football Holdings LLC” de John Textor. Enquanto Presidente entre as épocas de 2001 a 2008, Aulas aplicou o seguinte modelo em cada época desportiva sustentado num orçamento a rondar 150 milhões de euros: lucrava com a venda de alguns dos seus jogadores mas contratava sempre os dois melhores jogadores da Ligue 1. O objetivo sempre foi claro: ganhar nacionalmente de forma rentável, fazendo dinheiro (não dando prejuízo). Isto é, esqueçam a Champions.
Mas Textor vem do sistema da teoria do equilíbrio competitivo. Dos Estados Unidos, onde reina o franchising, tudo se vende e é negócio. Não há sócios, nem adeptos. Há clientes. É por isso que afirma que o Lyon não será despromovido porque as projeções mostram que o grupo onde o clube francês se insere (Eagle Football Group) tem muito mais dinheiro do que aquele que o próprio clube precisa (100 milhões até final do ano).
Esta teoria não é, nem será tão cedo, replicável no futebol europeu. Textor gere o Lyon da mesma forma que o Molenbeek. Como se todos os clubes fossem só um por terem a mesma acionista maioritária. Não entende o ecossistema desportivo cultural europeu. Textor teima que a fiscalizadora francesa deve olhar para o Lyon inserido num grupo financeiramente relevante com investimentos avultados e que os acionistas não deixarão o grupo falir. Como se fosse possível um bailout como nos USA.
Parece-me que o cowboy vai ter que vender os seus 45% no Crystal Palace para salvar os cofres do Lyon e ainda injetar muitos milhões através do seu grupo económico-financeiro-desportivo. Provavelmente, atletas serão vendidos e o investimento reduzirá. Como trata o futebol com dólares e euros, descapitalizará fundos de outros clubes que sofrerão um retrocesso no seu planeamento, processo e esquematização a curto, médio e longo prazo. Quanto valem desportivamente, então, os multiownerships? Essencialmente, para captar os melhores jogadores, provocando um cartel desportivo ao circularem-nos mais baratos intra-grupo (ex.: Savinho no Troyes – Girona – Manchester City).
O Sport Lisboa e Benfica tem que ser protegido de qualquer intrusão deste género ou natureza. O Glorioso é único. Não é mais um no meio de outros. No máximo, poderá pensar em parcerias estratégicas de capital (vender ações) mas com uma condição: o Clube terá que adquirir antecipadamente mais capital da SAD por um preço justo de mercado a outros sócios por ter direito de preferência.
Exigem-se Respostas
O Benfica, na pessoa do seu Presidente, deve ripostar com a elevação que entender necessária, mas de forma direta, concisa quanto a factos e sem receios. Não interessa se integrou direções anteriores cujos atos estão sob investigação. Não pode, nem deve, temer. Cabe-lhe defender os interesses do Sport Lisboa e Benfica e, acima de tudo, a honra dos sócios e adeptos que foram brindados, uma vez mais, com a soberba e falta de noção numa entrevista de um deles e com a necessidade do outro em querer continuar uma caça às bruxas só para manter os seus adeptos entretidos dado que o desempenho e resultados da sua equipa de futebol baixaram abruptamente de nível.
Excelente lição dada no domingo passado. Estão de parabéns jogadores, treinador, staff e os dirigentes diretamente ligados à principal equipa de futebol do Sport Lisboa e Benfica. Pena a vitória não ter sido mais brilhante, ou seja, dilatada. Sobretudo pelos sócios e adeptos que fizeram relembrar sobejamente o Inferno da Luz aos visitantes e seus acompanhantes.
O resultado fez jus à nossa gloriosa história e serviu para passar uma mensagem forte perante um rival direto. Mas é tempo de se dar por encerrada a festividade de uma partida isolada por mais relevante que tenha sido. Seguem-se dois jogos essenciais para os objetivos do Benfica: Taça de Portugal (vs Estrela da Amadora) e a necessidade de alcançarmos um lugar na fase seguinte da Champions (vs Mónaco).
Por outro lado, aproveitando a curta pausa para as seleções, revela-se essencial que o Presidente do Sport Lisboa e Benfica analise profundamente as considerações públicas e torpes proferidas pelo presidente do Sporting Clube de Portugal sobre a nossa instituição, bem como o posicionamento assumido pelo presidente do futebol clube do porto relativamente ao processo vulgarmente conhecido por “caso dos e-mails”.
O Benfica, na pessoa do seu Presidente, deve ripostar com a elevação que entender necessária, mas de forma direta, concisa quanto a factos e sem receios. Não interessa se integrou direções anteriores cujos atos estão sob investigação. Não pode, nem deve, temer. Cabe-lhe defender os interesses do Sport Lisboa e Benfica e, acima de tudo, a honra dos sócios e adeptos que foram brindados, uma vez mais, com a soberba e falta de noção numa entrevista de um deles e com a necessidade do outro em querer continuar uma caça às bruxas só para manter os seus adeptos entretidos dado que o desempenho e resultados da sua equipa de futebol baixaram abruptamente de nível.
Que dupla de paladinos da ética e da verdade desportiva. Já se esqueceram que ambos trabalharam para dois presidentes, tendo sido coniventes com eles, que marcaram a história pela negativa em cada uma das suas instituições. Decidem esquecer o passado, como se este não existisse, para se dedicarem ao futuro. Cumpre-nos a nós, Benfica, relembrá-los os seus antepassados, de onde vieram e o que andaram a fazer pelo futebol em Portugal. Os seus esqueletos dentro dos armários passaram entre muitos pingos da chuva e, em alguns casos, violaram Leis em vigor.
Chegará o dia em que não se vai permitir passar mais uma hora que seja sem que exista uma resposta condizente, meticulosa e bruta. O objetivo será o mesmo de sempre: recolocar ambos no sítio outrora habitual: abaixo do Sport Lisboa e Benfica.
Inferno deve Regressar
O Sport Lisboa e Benfica não pode ficar para trás. Trata-se, em primeiro lugar, de tentar chegar a todos os seus sócios e simpatizantes urgentemente. Para um clube com 327 mil sócios ativos, o atual Estádio é curto. Em segundo lugar, há um nome, uma história e um legado a respeitar. O Inferno deve voltar. Este é mundialmente reconhecido como sendo vermelho e branco.
Felizmente, integro uma geração que viveu intensamente a saudosa catedral. Aquela que acolheu o verdadeiro Inferno da Luz. Uma obra maravilhosamente planeada e esculpida com a contribuição de todos os benfiquistas (sócios, adeptos ou meros simpatizantes), tendo aberto as suas portas ao mundo em 1 de Dezembro de 1954.
Mais tarde, no início dos anos ‘90, iniciou-se o seu lento e imperdoável (na minha visão pessoal) desmembramento. O que foi triste de se ver, por mais que o mundo moderno assim o viesse a exigir. Perdeu-se um espaço de imponência e de terror autêntico para as equipas e seus apoiantes que ali se deslocavam. Desapareceu uma obra e uma marca que mostrava ao mundo o que era o Sport Lisboa e Benfica. Perdeu-se poder.
E isso não foi contemplado no novo Estádio da Luz, por mais que reconheçamos, entre outras excelentes condições, o seu conforto, os lugares personalizados e camarotes corporate com tudo incluído, o 5G e leds que nos arrastam mais para uma relação de consumo dirigido a clientes do que propriamente a sócios. São estratégias mais do que visões.
O problema infraestrutural, salvo melhor opinião, reside no facto de termos reduzido uma enorme diferença que nos marcava tão indelevelmente em relação aos outros. Permitimos que os nossos rivais diretos se aproximassem em receitas e que exista uma fila de espera de 17.359 sócios para entrar na nossa casa. A de todos nós. Um estádio é uma demonstração de força que representa o peso dos associados do Clube.
E é por isto que o Sport Lisboa e Benfica já devia estar com o pensamento focado no Mundial de 2030, a desenvolver planos de acordo com as “Sustainable Infrastructure Guidelines” da UEFA e a falar com a FIFA (organizadora do respetivo mundial) para tentar fontes de financiamento ao abrigo do programa “Forward Development”. Mais tarde chegará a hora de sentar à mesa com o Governo português para perceber a sua expetativa em torno do futuro.
O Real Madrid já terminou a sua obra futurista e o Barcelona vai a caminho com a mente focada em albergar 110 mil pessoas. Num plano clubístico inferior, o “Signal Iduna Park” (Westfalenstadion) do Borussia Dortmund está licenciado para 81.000 pessoas nas competições internas e para 66 mil nas competições internacionais.
O Sport Lisboa e Benfica não pode ficar para trás. Trata-se, em primeiro lugar, de tentar chegar a todos os seus sócios e simpatizantes urgentemente. Para um clube com 327 mil sócios ativos, o atual Estádio é curto. Em segundo lugar, há um nome, uma história e um legado a respeitar. O Inferno deve voltar. Este é mundialmente reconhecido como sendo vermelho e branco.
Caça ao Poder Federativo
Num mundo normal, o SLB sentar-se-ia à mesa, de forma isenta e independente, com todos os candidatos para perceber a exequibilidade das visões de cada um deles e, posteriormente, reuniria com os seus congéneres para analisar os projetos partilhados de forma teórica que visam moldar o futuro do futebol em Portugal.
Iniciaram-se finalmente as movimentações oficiais para o ato eleitoral na Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Algo a que o Sport Lisboa e Benfica (SLB) não pode ficar indiferente e deve assumir, inclusivamente, um papel ativo.
Num mundo normal, o SLB sentar-se-ia à mesa, de forma isenta e independente, com todos os candidatos para perceber a exequibilidade das visões de cada um deles e, posteriormente, reuniria com os seus congéneres para analisar os projetos partilhados de forma teórica que visam moldar o futuro do futebol em Portugal.
Mas como, infelizmente, o futebol em Portugal ainda significa (por enquanto) poder e interesses, continuaremos a assistir a jogos de bastidores numa corrida à liderança de uma instituição cujo orçamento ascende a 120 milhões, dos quais apenas 3,33% (aproximadamente 4M) são provenientes de fundos públicos e isto sem contabilizar receitas das apostas desportivas (o que dispararia para mais 40 milhões). A gula é muita. E também é pecado.
O SLB, assumindo-se sempre como a maior potência desportiva nacional, tem que se interessar por este ato, pelas pessoas que a ele irão concorrer e adotar uma postura congregadora, procurando discutir com outros clubes a sua visão própria do setor. Isto se os nossos atuais dirigentes assim o intencionarem. Algo que, para já e que se saiba, é desconhecido.
Sabe-se, isso sim, que o presidente do Sport Lisboa e Benfica já assumiu a sua preferência pessoal e intenção de voto representativo do nosso Clube e da Benfica SAD numa figura que tarda em sair do armário da Liga. Que se sabe que tem vindo a influenciar determinadas figuras singulares e sociedades desportivas nas competições profissionais a que preside, muito provavelmente prometendo-lhes o que não devia.
O Presidente do Sport Lisboa e Benfica comete um erro crasso ao querer assumir, pessoalmente, o seu voto preferencial em representação do Clube e da Benfica SAD para efeito de eleições, seja na Associação de Futebol de Lisboa (AFL), na Liga ou na Federação. Ao Presidente cabe-lhe perguntar aos seus consócios o sentido de voto (pois é o Clube e a SAD que votam), respeitando-o para depois exercê-lo.
Quem tem dúvidas que o universo benfiquista nunca desejou Pedro Proença na Liga e ainda menos o deseja à frente da Federação, tal é a tormenta que vem imediatamente à cabeça de tal figura vestida de preto e de apito na boca?
Este pesadelo que tarda em desaparecer só será exponenciado se Artur Soares Dias assumir uma candidatura à Liga de Clubes. Neste cenário dantesco, o SLB deve ir à luta de punhos cerrados. Senão, mais vale tentar a inscrição na La Liga já aqui ao lado.
Entretanto, Nuno Lobo já oficializou a sua candidatura à FPF. Benfiquista assumido, partilhei com ele espaço entre fevereiro de 2011 e novembro de 2020 enquanto vogal e vice-presidente no Conselho Técnico da AFL. Foi mais aquilo que nos separou do que o que nos uniu. Mas quando há transparência, alcança-se consensos.
Defendo que o SLB deve sempre apresentar um candidato à Presidência da FPF, na Liga de Clubes e na AFL. No caso desta última, não querendo apresentar soluções para 2025, deve apoiar o já assumido candidato Vítor Filipe ao invés de Rui Rodrigues, promovido por Pedro Proença. Se todos querem brincar aos jogos de bastidores, é bom que o SLB se interesse e dite as ordens. Caso contrário, ficará sempre a perder.
Entrevista no podcast Final Cut
Entrevista de João Diogo Manteigas, candidato à Presidência do Benfica, no podcast Final Cut, da Sports Tailors.
Assiste à participação de João Diogo Manteigas no podcast Final Cut, da Sports Tailors!
Primeiro (e Acima de Tudo): Benfica
Não nos esquecemos de quem nos ataca, mas há coisas mais importantes para debater e pensar neste preciso momento. Primeiro, o Sport Lisboa e Benfica. Em segundo, no Sport Lisboa e Benfica. O resto vem por acréscimo, complementando mas sem relevar.
Haverá tempo para responder aos ataques cobardes desferidos ao Sport Lisboa e Benfica por dirigentes desportivos, em particular, do presidente do Sporting Clube de Portugal (que se considera o último paladino da verdade e éticas desportivas) e do ex-presidente do Futebol Clube do Porto, que não se cala sobre quem deve estar, ou não, presente no seu funeral como se tratasse de um evento social.
Não nos esquecemos de quem nos ataca, mas há coisas mais importantes para debater e pensar neste preciso momento. Primeiro, o Sport Lisboa e Benfica. Em segundo, no Sport Lisboa e Benfica. O resto vem por acréscimo, complementando mas sem relevar.
Esta semana, após confrontos europeus com o Tatran Presov (Andebol Masculino para a EHF) e Feyenoord (Futebol na Youth League e Champions), voltaremos a casa sábado, 26 de Outubro, para dar continuidade ao processo de revisão estatutária numa Assembleia Geral que incidirá sobre artigos mais sensíveis para discussão entre sócios.
Entre outros tópicos relevantes, os sócios irão agora debruçar-se sobre:
- A diferenciação quanto ao número e categoria de votos entre os sócios;
- O futuro das Casas do Benfica - que desempenham um papel altamente relevante em torno da vivência e fervor benfiquistas - a par da manutenção, ou não, do seu direito ao voto;
- A implementação de uma 2.ª volta em futuros atos eleitorais do Clube que permitirá uma maior pluralidade como a apresentação de mais candidaturas e dos respetivos projetos, bem como garantirá a eleição de uma lista com maioria alargada;
- A possibilidade de apresentação de listas independentes para cada órgão social (Direção, Conselho Fiscal e Mesa da Assembleia Geral), o que assegurará, por exemplo, maior transparência e fiscalização de atos praticados pelos nossos dirigentes (facilitando processos disciplinares com celeridade e sem conflito de interesses);
- E, por fim, uma proposta que creio fazer sentido para o universo Benfica que passa pela realização de uma assembleia geral ordinária anual para discutir e debater a gestão e os resultados desportivos após o final de cada época desportiva.
Que se mobilizem os sócios em massa para dar o seu contributo valioso e fazer parte da história do Sport Lisboa e Benfica!
Que a nossa união e sintonia interiormente organizada faça a diferença e passe uma mensagem essencial para todos lá fora: que nos temam! O Benfica vai a caminho!
Competições: Reformulação Urgente
Seria útil (ou uma questão sobrevivência concorrencial) a reformulação imediata dos quadros para 16 clubes nas ligas profissionais pois o contrato celebrado em 2016 entre a FPF e a Liga permite o mínimo de 14 e máximo de 18 para a 1.ª liga e o mínimo de 16 e máximo de 20 para a 2.ª liga.
O Decreto-Lei 22-B/2021 de 22 de Março determinou que a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Liga devem apresentar uma proposta de modelo centralizado de comercialização dos direitos audiovisuais no final da próxima época desportiva 2025/26. Ou seja, praticamente, já amanhã!
Mas as gentes da FPF, Liga e das sociedades desportivas que compõem a 1.ª e 2.ª liga estão mais preocupadas com as eleições na Federação do que em pensar, debater e resolver em conjunto os temas prementes do futebol no seu todo. Típico dos bastidores do futebol português com indivíduos à espera ou a movimentarem-se para tachos.
Em género de nota, relembro que as eleições na FPF poderão provocar eleições na Liga e na Associação de Futebol de Lisboa (AFL). Por um lado, Proença vai-se oficializar candidato ainda presidente da Liga tal como Fernando Gomes em Dezembro de 2011. Por outro lado, Nuno Lobo avança enquanto presidente da AFL, uma das maiores associações do país e que o Benfica devia nutrir (a título de curiosidade, o CF Belenenses tem mais votos por ter mais formação).
Ninguém duvida que a centralização é relevante. Mas só terá mais sucesso e um impacto muito superior se acompanhada da necessária e inevitável reformulação dos quadros competitivos, incluindo, mas sem se limitar, a eliminação da taça da liga e a redução do número de participantes nas ligas profissionais, em particular, na 1.ª liga.
A taça da liga tornou-se dispensável com a alteração do formato da Liga dos Campeões e, numa altura em que a saúde física e mental dos atletas está em causa, acumula jogos num momento fundamental do calendário para efeitos de competições internacionais de clubes a eliminar para além de que coincide com eventos de seleções organizadas pela CAF (África) e pela AFC (Ásia).
À sobrecarga competitiva (com maior impacto nos principais clubes portugueses por serem os habituais participantes nas competições europeias) acresce a necessidade de termos que fortalecer e elevar a competitividade das equipas intermédias (Vitória Sport Clube (Guimarães) e Braga ou, se quisermos contar com a classificação final de 2023-24, Moreirense, Arouca e Famalicão).
Hoje, o exemplo comparativo da Liga portuguesa é o dos Países Baixos e este tem mais competitividade. Entre portas por ter 5 campeões nacionais desde a imposição do playoff em 2005-06 e, fora delas, pois 5 equipas estiveram nas competições europeias quase até ao final há um ano atrás. Também podemos discutir receitas mas faço sempre questão de relembrar que o campeão holandês recebe à volta de 11 milhões de euros por ano num modelo centralizado. Ou seja, o equivalente ao que o Braga recebe em venda isolada.
Menos clubes participantes trará mais concorrência interna (clubes médios preparados para lutar com os “grandes”) e ao incremento da competitividade desportiva para os que participam na UEFA (menos jogos internos, mais preparação). E se insistem em pensar na centralização, não se esqueçam que menos clubes, mais receita a dividir.
Seria útil (ou uma questão sobrevivência concorrencial) a reformulação imediata dos quadros para 16 clubes nas ligas profissionais pois o contrato celebrado em 2016 entre a FPF e a Liga permite o mínimo de 14 e máximo de 18 para a 1.ª liga e o mínimo de 16 e máximo de 20 para a 2.ª liga. O que nos permitirá pensar de seguida numa redução para 14 clubes com estratégias a implementar como 2 voltas (primeiros 6 classificados lutam pelo título e os restantes 8 pela manutenção), compensações para os relegados de divisão (apoio financeiro “parachute” ou de solidariedade) ou parte das receitas das competições UEFA a reverter para clubes intermédios.
Apoio ao Insucesso
Já nem escrevo sobre centralização pois não há adepto ou sócio que, entre outra informação, saiba valores reais de referência, projeto viável e potenciais investidores.
Algumas sociedades desportivas da 2.ª Liga reuniram-se com Pedro Proença na semana passada para abordar temáticas como a centralização dos direitos televisivos, revisão da lei contra a violência no desporto, reformulação da justiça desportiva, criação da linha de financiamento para sociedades desportivas e clubes, revisão das verbas pagas ao futebol referentes às apostas desportivas, redução dos custos de contexto e o reconhecimento do futebol nas pastas da economia e das finanças.
O Benfica também tem a sua equipa “B” na 2.º liga, encontrando-se atualmente num meritório 2.º lugar da pole mas desconhece-se se a nossa SAD se fez representar nesta reunião sobre temas incomensuravelmente relevantes para o futuro do futebol e Liga.
Por outro lado, de todas as notícias que vieram a público sobre esta reunião, não houve uma única que tivesse descrito os resultados da mesma! Afinal, todos nós gostaríamos de saber quais as estratégias a adotar e os procedimentos a desencadear pelas sociedades desportivas através da Liga. São assuntos do escrutínio público. Não são objeto de confidencialidade. Todos os sócios e adeptos, em particular e acima de todos os envolvidos, devem saber e opinar sobre o que pensam fazer os dirigentes no futebol!
Mas o que assistimos foi de lamentar: uma autêntica propaganda direta à figura de Proença a empurrá-lo para a presidência da Federação Portuguesa de Futebol. Deu-se início oficial a um branqueamento de imagem concertado e público sobre o presidente da Liga, caracterizando-o como uma personalidade com “capacidade de gestão, liderança, organização e, sobretudo, que conheça bem o futebol nacional e também internacional” (Tondela) ou como um líder com valências que lhes permite ficar “tranquilos no sentido de que vamos continuar a evoluir e que o Futebol está no caminho certo” (Vizela).
O ar respirado naquela reunião deve ter sido misturado com algo de tal forma intenso que o presidente do Marítimo, perante a comunicação social, chegou mesmo a colocar Proença na cadeira do gabinete do 2.º piso do edifício principal da Cidade do Futebol quando se referiu ao mesmo como “o futuro Presidente da Federação Portuguesa de Futebol”. Pior visão só quanto ao resto da declaração do presidente maritimista ao ter considerado que “é importante levar para a Federação a experiência da Liga e a noção concreta dos problemas que os Clubes atravessam”. Sei que o Marítimo passou mal nos anos anteriores e desejo o melhor para uma instituição histórica com 114 anos de vida, mas, pergunto-lhes, qual experiência da Liga?
A tão propalada “recuperação económica da Liga entre 2015-2019” que se deveu, sobretudo, a uma recuperação da economia global devido às políticas dos bancos centrais, ao aumento das receitas da Champions e à inflação genérica que fez com que uma transferência de um atleta por 35 milhões passasse de abismal em 2015 para algo banal em 2024?
Ou no plano 2023-2027, em que supostamente os adeptos estariam “no centro do jogo” mas não vemos mais público nos estádios e em que se continua a assistir aos jogos em casa através de um pacote de TV caro (emitido por uma empresa composta por um cartel das operadoras nacionais mais relevantes) e sem ver pessoas nas bancadas com exceção feita ao Benfica que continua a dominar nas assistências em casa e fora?
Ou ter assistido ao atual Governo cujo executivo entrou em funções este ano e em tempo record fez o trabalho da Liga com um IRS Jovem (taxas mais baixas até aos 35 anos com exceção dos que ganham 81 mil EUR ano)? Ou ao facto da Liga não ter conseguido fazer lobby, desde há muitos anos, para que as sociedades desportivas, de uma vez por todas, consigam ter acesso à taxa reduzida de IVA?
Já nem escrevo sobre centralização pois não há adepto ou sócio que, entre outra informação, saiba valores reais de referência, projeto viável e potenciais investidores. A única coisa que se percebe à cabeça é o risco de não realização/conclusão de um jogo na Choupana às 18 horas! E mesmo assim a parceria da Liga com a operadora falhou. O futuro não é risonho. Oxalá me engane.
Entrevista Jornal Sol - 27 setembro 2024
Benfica só terá sucesso financeiro depois de ter sucesso desportivo!
Primeiro candidato às eleições do Benfica do próximo ano, não se apresenta contra Rui Costa ao qual reconhece toda a legitimidade para concluir o mandato. Mas perfila-se como uma imagem de mudança assente na sua juventude (42 anos) e num projeto que promete chamar para o diálogo outros prováveis candidatos – todos menos Luís Filipe Vieira, que acusa de ser representante do passado.
Chega a horas. Pontualíssimo. Sempre discreto com um perfil tranquilo muito próprio. Estamos na Adega da Tia Matilde. Faz todo o sentido. Poucos lugares em Lisboa respiram tanto benfiquista como este em que o nosso querido ti’ Emílio recebia os jogadores desde os anos-60, tratando Eusébio com o desvelo de um filho. Agora são as filhas e o neto que gerem o negócio. Mas a aura nunca se perde. Nunca se perderá.
O que é que faz de ti um bom presidente para o Benfica? Para começar uma coisa que tem sido posta em cima da mesa com alguma desconfiança: a idade. O Benfica nunca teve um presidente tão novo. Se não me engano, a média de idades dos presidentes do Benfica ao longo da história tem sido de 60 anos, 60 e qualquer coisa. Isso não significa que não tivesse sido bom, basta ver a existência altamente gloriosa do clube, mas as coisas mudaram entretanto. O futebol, dos últimos 15 anos para cá, é uma indústria como outra qualquer. O que exige adaptação. Eu acho que tenho o know how completo, tenho uma experiência de trabalhar muito nessa área, e depois tenho outra vertente que é a da identidade. A identidade benfiquista. Todos os benfiquistas a têm, como é óbvio, mas eu acrescento-lhe uma frase importante: a emoção deve levar-nos à racionalidade. Se me levasse à irracionalidade, estaria a ser um simples adepto como outro qualquer. Assistia aos jogos de futebol, às modalidades e ia para casa. Tenho de pegar nessa parte emotiva, depurá-la, fazer a triagem, e, em seguida, avançar para a racionalização de forma a ser aplicada para bem do clube. Acho que neste ponto o Benfica tem ficado para trás há muitos anos: em termos de relações institucionais, de imposição no setor… Aliás, tudo o que eu disser a partir de agora, apesar de poder ser interpretado negativamente tem o objetivo de ser positivo. Por exemplo, quando digo que o Benfica deixou de ter peso no campo institucional é porque, pura e simplesmente, não se importa, não dá relevância a isso. O Benfica tem de ser uma voz ativa na Liga, tem de assumir posições na Federação, na própria Associação de Futebol de Lisboa, da qual é fundador e ganhou duas das primeiras três competições por ela organizadas. A Associação de Futebol de Lisboa é muito importante. Não apenas para atuar na Federação como também na Liga. É uma visão macro que tem de existir hoje em dia. Voltando à tua pergunta: é uma questão profissional e pessoal. Profissional porque sei que tenho a capacidade e os conhecimentos para aplicar as minhas ideias. Tenho a validação dos meus pares, trabalhei com federações, clubes, já representei atletas, jogadores, treinadores, represento empresários de futebol nacionais e estrangeiros. Em relação a isso não estou minimamente preocupado. O que acho que está a faltar, sobretudo nos últimos anos, independentemente de se ser benfiquista ou não, e o Rui Costa é um grande benfiquista, algo inquestionável e que nunca deve ser colocado em causa, é utilizar esse benfiquismo para uma evolução… Um amigo benfiquista disse uma vez que o difícil é entrar, depois torna-se fácil gerir. Entendo a ideia, mas não concordo a 100% porque falta uma coisa: ter espírito altruísta.
Racionalizar a paixão? É isso? Sim. Racionalizar a paixão. A emoção, a identidade e a paixão benfiquista deve levar-nos a racionalizar aquilo que o Benfica precisa de ter. O que tem acontecido nos últimos 24 anos é demasiada emoção, destravada, intensa, e falta de parar para pensar desta forma: temos todas as ferramentas das quais necessitamos – muitos sócios, muitos adeptos, uma diáspora enorme, o Benfica continua a ser, felizmente, um nome de relevo a nível Europeu e Mundial, mas falta-nos o dirigismo. É preciso olhar para a marca Benfica, mas pô-la, de uma forma construtiva e ampla, desenvolvendo-a e provocando influência aos níveis indispensáveis de influência no campo do futebol e das modalidades, formar pessoas – temos profissionais de excelência! Não é só ter bons jogadores. Tenho de ter bons advogados internamente, bons diretores, bons quadros… E quando saírem do Benfica, se saírem, têm de sentir orgulho por terem sido formados sob a marca Benfica. Isso hoje não existe. Tivemos recentemente um exemplo interessante: uma debandada, por assim dizer, de diretores da formação; e o Rui Costa veio dizer, e muito bem, que para onde forem levam a tal marca Benfica, foram muito bem preparados e não foi à toa que os grandes clubes os foram buscar. Ora, eu sei que eles vão embora com esse rapport todo, mas o que interessava ao clube era retê-los. O talento não está só nos jogadores; o talento está em todos os quadros. Avançando: se o Benfica tiver os melhores profissionais, se os premiar, eles não vão querer sair. E o clube tem uma estrutura suficientemente grande para poder reter esse talento.
Já tens uma equipa para o teu projeto? Há um grupo de pessoas com quem tenho falado nos últimos três anos. A equipa para a SAD está fechada e é composta por um diretor financeiro, um diretor-geral e um diretor-desportivo para a equipa principal e equipa B, são todos benfiquistas, condição indispensável, e estão ligados ao setor desportivo. Há um quarto elemento que é o diretor-desportivo da formação que não é português, e tem ligação direta aos outros três elementos. Posso dizer que é um dos maiores casos de sucesso da última década no futebol mundial. O projeto desportivo passa por formar e reter talento para estar à altura do Benfica do passado.
Quais são, para ti, as ambições europeias do Benfica? Quem está num clube como o Benfica tem sempre de ambicionar o melhor, por isso prometo um Benfica europeu. Já vi finais da Liga Europa com clubes que eram acessíveis ao Benfica. O Benfica tem de fazer tudo para ganhar e dar alento aos sócios e adeptos.
Na apresentação da candidatura falaste numa gestão que respeite os valores e princípios do Benfica. O que significa isso? Há muito tempo que o Benfica é visto como uma empresa de sócios, o que é completamente errado. É preciso ter uma liderança que sirva o clube e que oiça os sócios, são eles que mandam no clube. Temos de impor a base genuína e o sentimento benfiquista para gerir este universo e recuperar novamente a emoção e a paixão dos sócios. Há uma dívida brutal na SAD e no clube e uma necessidade premente de manter a cabeça acima da água. Quem está no Benfica dedicou-se em exclusivo ao futebol, porque é o que alimenta tudo o resto, mas eu tenho uma visão diferente. O futebol é um setor milionário, de sucesso e em desenvolvimento, depois há as modalidades. Devo tratar as duas de forma diferente, mas a base é igual: vencer. Digo sempre que só há sucesso financeiro se tivermos primeiro sucesso desportivo e não o contrário.
Afirmaste que, no dia em que entrares como presidente do Benfica, todos os que lá estão saem. Há um excesso de funcionários? Penso que sim, mas temos de perceber a alocação de funcionários. O Benfica tem mais de dois mil funcionários e um excesso de pessoas com cargos diretivos. Além da reestruturação financeira e desportiva, o Benfica tem de perceber a importância das pessoas dentro da estrutura e a forma de encontrar soluções internamente em vez de pagar a peso de ouro serviços externos. Não vai haver lugar para pessoas que nos últimos anos não tiveram resultados.
Quando decidiste que te ias candidatar? Já disse isto uma vez e acho que ninguém acredita. Quando acabei o secundário queria muito ser tradutor. No Parlamento Europeu… onde fosse. O meu forte eram as línguas, portanto…
Quantas línguas falas? Falo cinco línguas.
Quais? Inglês, francês, castelhano, italiano e alemão, este com menos agressividade. Serve isto para dizer que a minha ideia foi sempre a de trabalhar lá fora. A tradução era o meu fito. Adoro cinema, por exemplo…
Querias fazer legendas? Também. Legendas para filmes fascinava-me… Livros…
Olha que traduzir livros é trabalho de queimar pestanas… Tive uma cadeira no secundário chamada Técnicas de Tradução de Inglês. Disseram-me sempre – tens aqui o Código de Oxford, que era o utilizado, mas atenção, as traduções não devem ser literais e sim enquadradas no espírito daqueles para quem são dirigidas. Enfim, no fundo a minha ambição era trabalhar no estrangeiro. Sempre tive uma ligação profunda ao futebol por via do meu pai, que é jornalista desportivo, sou sócio do Benfica desde que nasci, a minha década de 1990 é passada literalmente todos os dias no Estádio da Luz…
Como é que os sócios te veem? Não tenho dúvidas que me veem como um puro benfiquista. Quando critiquei alguns métodos seguidos pelos dirigentes do Benfica foi em defesa dos interesses do clube, e sempre a apontar soluções. Nunca tive palavras a rebaixar o Benfica sem dizer qual era o caminho a seguir.
O teu pai tinha um ginásio… Na porta 7. Mesmo por cima do Pavilhão Borges Coutinho. Joguei basquete muitos anos no Benfica, conhecia todos os atletas das modalidades. Mas não vejam nesta minha vontade de ir para o estrangeiro qualquer coisa de negativo para Portugal. Adoro Portugal, acho que é um país fantástico, com tremendas capacidades…
É um bocado mal frequentado, vá lá. Bem… tem algumas pessoas que o frequentam que não são grande coisa, mas enfim.
Continua. Há medida que fui crescendo a minha ligação ao Benfica foi sendo cada vez mais forte. Era na Luz que estava o dia todo. A minha mãe a trabalhar no ginásio, o meu pai a servir de gerente e… um trabalhador. Um ginásio com três funcionários. Mas todos os atletas das modalidades passavam por lá. E todos os da formação do futebol. Raramente os profissionais. Ou seja, era um Benfica de inclusão. Qualquer pessoa que entrasse no Estádio da Luz tinha acesso aos atletas.
Um elemento de aglutinação. Exatamente! Estávamos ali. As pessoas assistiam aos treinos ao vivo. Havia uma ou outra boca, mas as pessoas comportavam-se. Acarinhavam os jogadores. Eu não conheço a realidade dos outros clubes na altura…
Em Alvalade era igual. Pois. A minha realidade foi a do Benfica, desde o café do Silva ao espaço dos sócios, à loja do Benfica que vendia os produtos do clube… era uma família… era uma família! O estádio era literalmente uma porta aberta. Eu entrava nos camarotes, na sala dos troféus, entrava pela porta principal… Toda a gente tinha acesso e não havia quaisquer problemas. Hoje em dia é o inverso absoluto. Um afastamento intencional daquilo que é o mais valioso do Benfica, os jogadores de futebol da equipa principal. Por exemplo: isso já não acontece da mesma forma com as modalidades. Aí os atletas vagueiam pelo estádio, o pavilhão não está aberto mas, nos dias de jogos, estamos próximos deles. Os profissionais do futebol vivem, nos dias de hoje, dentro de uma bolha…
Queres mudar isso? Quero mudar e muito. Quero fazer aquilo que o Manchester City já faz há muito tempo. Os jogadores chegam ao estádio no autocarro, mas este para na porta de acesso, na Luz seria a porta 18, e saem e atravessam os grupos de adeptos. Sentem que os adeptos estão ali, com eles. Afinal os jogadores são pessoas como todos nós e tem de existir proximidade. Sentirem aquilo que nós queremos deles. E mesmo que, de uma vez ou outra, sintam alguma animosidade, perceberão melhor aquilo que exigimos deles dentro do campo. Algo que se passou no último ano com o Roger Schmidt: depois de ter passado uma imagem porreira na época anterior…
Mesmo motivadora. Sim. Mas quando passa a ter dificuldade em entrar em explicações sobre as suas opções, sobre o seu modelo de jogo, quando houve aquela conferência de imprensa em que se amarrou ao inglês para se fazer desentendido, e que para mim foi um turning point, nota-se um afastamento do Benfica em relação ao seu treinador.
Quer dizer que não culpas totalmente Roger Schmidt pelo que desperdiçou? Das duas, uma: ou ele nos enganou, e durante um ano não demonstrou o que verdadeiramente era, e eu não quero acreditar nisso, faço já aqui uma nota de rodapé porque me pareceu genuíno – e eu defendi, para sublinhar, a contratação de alguém para substituir o Jesus que não conhecesse os vícios do futebol português, quer a nível do enquadramento desportivo quer da comunicação, um estrangeiro, portanto –, ou fomos nós que nos enganámos em relação a ele. A extraordinária primeira parte da primeira época, graças muito a Enzo Fernandez, um jogador enorme, permitiu-lhe gerir a comunicação sobre vitórias. A segunda época é, de facto, diferente. Houve logo o problema da derrota com o Boavista na primeira jornada. Seguiu-se o problema da incapacidade de lidar com os órgãos de comunicação social e, aí, a direção sai de cena, não aparece, não defende o seu treinador: Rui Costa só veio responder muito mais tarde a acusar a comunicação social. E tudo encaixa em dois momentos fundamentais: um terrível jogo em casa com o Casa Pia e, consequentemente, a forma como Schmidt passou a mostrar-se desagradado com os jogadores e, sobretudo, com as críticas que começaram a chover das bancadas. Não o prepararam para uma situação como essa. O Benfica é único também nisto: o público é muito sensível e tem muito pouca tolerância. Algo que tem de ser bem explicado a quem vem de fora treinar o clube sem conhecer profundamente a sua realidade.
Mas o adepto do Benfica não é mais tolerante com um estrangeiro do que com um português? Acho que sim. Por isso acho que Schmidt geriu mal. Já revelava algum desgaste com derrotas como as com o FC Porto, Chaves e Inter mas aguenta-se. Ainda estava em clima de vitória. Depois não. Demora muito tempo a resolver os problemas que estava a ter e é aí que culpo a direção: não soube protegê-lo no momento certo e devia tê-lo feito. E permite que a comunicação social, sobretudo comentadores desportivos, como era o meu caso na altura, caia sobre muitos dos jogadores contratados. Como o Benfica compra caro, é natural que se exija que rendam e depressa. Não se pode andar a contratar jogadores acima de 5 milhões de euros (e falo neste valor porque acho que é um limite para a nossa realidade e já é uma verba muito alta) e vê-los falhar como foi o caso de Jurásek, o mais óbvio de todos. Para concluir a matéria sobre Schmidt: falta de comunicação por parte do treinador e falta de proteção por parte da direção. Havia que o chamar e explicar as coisas de forma simples: perante esta situação em concreto não podes reagir assim e assim; tens de fazer assado. Se ele tomou a posição de dizer que não concordava e que não iria seguir essas indicações, então alguém precisava de ter respondido: quem manda não és tu! Foste contratado para ser treinador. Se se abrem questões de não estar no mesmo patamar do que o clube em questões como a comunicação, então alto! Se calhar vais ter de sair…
Dizes que a comunicação do Benfica é frágil? O Benfica não tem comunicação na defesa dos interesses do clube nem naquilo que são os seus quadros desde 2021.
Apesar de muito dinheiro gasto nessa área… Apesar de muito dinheiro gasto. E mesmo antes, e vocês conhecem bem essa realidade há muitos anos, a comunicação do Benfica sobretudo através da BTV foi uma comunicação de certa forma amordaçada. Pessoas variadas que são benfiquistas e tentaram fazer algo de diferente sem prejudicar o bom nome do Benfica – era o que mais faltava! De certa forma todas essas pessoas foram empurradas para… não terem tantas ideias, se me faço entender. Porque se pretendia que um certo segmento da comunicação não fosse desalinhado daquilo que era a intenção de quem lá estava. Desta forma diferencio: há um certo tipo de comunicação até 2021 e não há comunicação depois de 2021. O que é grave. Antes de 2021 – e vou deixar de fora o que aconteceu com as questões de Luís Filipe Vieira com a Justiça – havia um alinhamento da comunicação, a chamada cartilha, e é aqui que volto à questão dos comentadores de que falava há pouco. A cartilha era passada e eu tinha acesso aquilo que era a suposta cartilha e nunca a li nem quis saber dela, o que me valeu uma série de problemas. Eu não sou contra esse alinhamento, mas não tenho que levar com ele. Não tenho de o cumprir. Aliás, a partir do momento em que tenho acesso a ele sobram-me duas opções: ou me mantenho, ou saio. Saí. Eu tinha um programa de sucesso na BTV, e por que é que vos digo com toda a propriedade que era um programa de sucesso? Foi o Ricardo Palacin que me deu essa oportunidade – eu já ia à BTV comentar, participando em programas noturnos – e debatíamos questões institucionais e de outros campos que não o do futebol puro e duro e até confesso que não vejo debates desse conteúdo, e como gostavam de mim, até porque era bastante jovem, foi-me proposto organizar algo dentro da minha área do Direito Desportivo. Portugal tem um espetro jurídico-desportivo extremamente diferenciado dos que existem no resto da Europa e precisa que se fale dele. E aqui explico porque é que esse programa funcionava bem: não era pelo que me diziam lá dentro do Benfica, era pelo que ouvia por parte dos sócios. Recebia cartas dos sócios que me davam parabéns pelo programa, pelo que se debatia no programa, pelas pessoas que levava ao programa, e nem todas eram benfiquistas, havia convidados que não eram publicamente benfiquistas. Ora o programa foi suspenso por indicação de várias pessoas.
Vieira? Sim. Pelo próprio Vieira, pelo Domingos Soares de Oliveira, pelo Paulo Gonçalves e pelo João Correia. Vejam bem a amplitude.
Estavas a incomodar? Mas ouçam: quem faz um programa daquele género não pode sentir que está a incomodar. Era um benfiquista a querer discutir outras realidades que fazem parte do futebol português.
Bem, mas para te acabarem com o programa é porque alguém se sentiu incomodado. Não tenho problema nenhum em dizer isto: houve um programa que se debruçou sobre a questão da invasão de Alcochete e da agressão a vários jogadores do Sporting que rescindiram contratos com justa causa. E nós debatemos o assunto. Foi particularmente interessante porque, naquele momento, toda a comunicação social levantou a possibilidade de haver ali uma oportunidade de ouro para tanto Benfica como FC Porto poderem ir buscar esses jogadores. Fui sempre claro em relação a isso, no que disse e também no que escrevi: o Benfica devia abster-se de fazê-lo! Havia malta que só queria recordar o Verão Quente de 1994 e alimentar a ideia de vingança. Ora, o Benfica tem de ser uma instituição diferenciada, não anda a praticar atos de vingança por algo que aconteceu há trinta anos. Nem pode sujeitar-se a espezinhar um rival quando este se encontra em dificuldades.
Mas nunca ficou bem claro por parte da direção do Benfica que esse não seria o caminho a seguir, ou ficou? Por isso fui buscar este episódio. O meu programa era em direto, transmitido à segunda-feira ao final do dia. Nesse dia preciso foi gravado anteriormente e tinha-se falado na possibilidade concreta de o Benfica ir buscar dois jogadores ao Sporting. Comentei que seria um erro. Por duas questões: a primeira é histórica, não somos um clube qualquer e temos respeito pelos adversários, segundo por uma questão jurídica – não era líquido que os jogadores tivessem rescindido com justa causa. Não sabíamos os envolvimentos da situação. Nessa segunda-feira houve uma Assembleia Geral do Benfica para aprovação do orçamento. É a célebre Assembleia Geral em que Luís Filipe Vieira diz aos sócios num ato de puro populismo: «O Benfica não esquece o que nos foi feito no Verão Quente de 1994!» Dá a entender que vai contratar alguém. Eu sabia que o Benfica tinha tudo praticamente fechado com o Bruno Fernandes. Além disso conhecia muito bem o advogado que o Sporting contratou, através do Sousa Cintra, que não é português, é espanhol, de Valência, e um dos melhores advogados de Direito Desportivo do mundo. Felizmente trabalhei em alguns processos ao longo dos anos. Contactei-o para tentar perceber o que se estava a passar no Sporting e fiquei com a perfeita noção do que acontecia a nível jurídico. As palavras do Luís Filipe Vieira deixaram-me preocupado. Ainda por cima porque também recebi a informação de que o Bruno Fernandes iria ser contratado na terça-feira.
Estou a ouvir isso pela primeira vez publicamente. Pois. Porque ninguém contou a história até agora. E sabem por que é que o Bruno Fernandes não veio? Exatamente por aquilo que o Vieira disse na Assembleia Geral e que se tornou capa de muitos jornais do dia seguinte. E as pessoas ficam a saber que o Benfica queria contratar alguém. Eu sabia que era Bruno Fernandes. Mas abrira-se a oportunidade para outros. Como o Rafael Leão, por exemplo. Exatamente um daqueles jogadores que não podia ser contratado, e vejam o sarilho em que ainda está envolvido com o Sporting e a dívida que tem para com o clube. Havia uma total falta de sensibilidade em relação a esta matéria. E um desinteresse total sobre o contexto histórico dos valores da instituição e sobre aquilo que o Sporting estava a viver. O Benfica não podia aproveitar o facto de o Sporting estar em baixo. Como não pode acontecer com o FC Porto ou outros clubes. Sei que há benfiquistas que não aceitam isto que estou a dizer, mas são questões básicas…
Defendes, portanto, uma relação forte institucional com o Sporting e com o FC Porto? O Benfica tem que ter essa forte relação institucional, mas tanto Sporting como FC Porto precisam de perceber algo: o Benfica é em tudo superior – em adeptos, em história, só não digo em títulos porque infelizmente deixou que o FC Porto nesse aspeto se aproximasse muito. Mas também é necessário que as direções do Sporting e do FC Porto não olhem para nós, como agora, sem saberem ao certo o que é o Benfica. Não é à toa que os adeptos de um e de outro não gostam do Benfica. Isso acontece porque conhecem a nossa história. E o que me deixa chateado (ia a dizer triste, mas na verdade fico mesmo é chateado!) é ver que durante os últimos vinte anos os responsáveis pelo Benfica não tenham aproveitado a grandeza do Benfica e não a terem utilizado como força de sustentabilidade desportiva. Temos de ter relações institucionais, assentes no civismo, mas também exigindo o reconhecimento de que o Benfica é um clube maior.
Existe agora um complexo de pequenez no Benfica? Não diria um complexo. Há é uma necessidade evidente de separar os contextos históricos que não está a ser feita. O novo presidente do FC Porto, André Villas-Boas, deu uma entrevista ao Expresso em que diz algo como, não vou citar ipsis verbis, «o FC Porto para ter sucesso desportivo tem de ter um alvo a abater». Esse alvo está definido: é o Benfica. Se o FC Porto vive com um mote que é o de derrotar o maior, que é o Benfica, é um problema de quem o governa. Se essa é a motivação deles, convivo bem com isso. Mas também me serve para justificar aquilo que tenho de apresentar no Benfica de dentro para fora: relembrar toda a gente, algo que não acontece nos últimos anos, que o Benfica ainda é aquilo que já foi. E não é uma questão somente de títulos: é uma questão de posicionamento. Em Portugal e no estrangeiro. O Benfica foi perdendo gás nas competições europeias. O FC Porto ganhou nos últimos vinte anos uma Liga dos Campeões e duas Ligas Europa. O Benfica devia ter ganhou pelo menos duas Ligas Europa porque chegou às finais. Não é comparável com a Liga dos Campeões, mas deixa marca. Além de que acrescento aquele que é, para mim, o maior falhanço da história do Benfica: o pentacampeonato. É o maior pesadelo que caiu sobre os benfiquistas e aquilo que condicionou a vida do clube até aqui. Se tivéssemos ganho o penta não estaríamos hoje a comparar troféus com o FC Porto, estaríamos eventualmente muito mais fortes em termos financeiros, tudo teria tomado um caminho completamente diferente.
E a culpa foi de quem? Do Luís Filipe Vieira? A culpa, à cabeça, é sempre do presidente. A estratégia nesse ano foi completamente invertida. O Benfica teve vendas acima dos 80 milhões e um investimento de oito milhões. Não quero dizer que não seja possível ganhar campeonatos com investimentos a rondar os oito ou os dez milhões de euros. O problema é que vendeu os seus melhores jogadores nessa época e não trouxe outros ao nível dos que saíram.
Sabendo já em julho quem iria sair… Exatamente. Por isso é que eu digo que a culpa é sempre do presidente. Mas neste caso abordo dois aspetos essenciais: o Benfica e a esfera pessoal de Luís Filipe Vieira. Vieira estava, nesse ano, com o seu problema mais agravado em relação ao BES. E teve de fazer algo para apaziguar a sua exposição. Relembro que o Benfica pagou integralmente a dívida que tinha para com o BES. Deixou de ter dívida bancária.
E isso não compensa? A leitura que faço é que Vieira olhou primeiro para o seu problema pessoal e procurou resolvê-lo através do Benfica. O Benfica liquida a linha de crédito que tinha com o Novo Banco e ele, por seu lado, tenta remediar a sua exposição bancária perante o BES. Ou seja, num ano em que era essencial focar-se no Benfica, focou-se nele próprio. E, na realidade, o Benfica até luta pelo título até ao fim, quando perde na Luz com um golo do Herrera. Mas, ao não preparar o nível exigido para essa época de forma a ter entradas de qualidade equivalente à das saídas, condenou o trabalho a médio prazo. Quando era, pelo contrário, a época de investir tudo o que tinha e não tinha. Era uma época excecional e devíamos ter ido em contraciclo com as finanças, com a economia, com a prudência… Era de apostar tudo! Porque iríamos conseguir o break-even mais tarde. Se tivéssemos ganho o penta, e o FC Porto estava a passar uma fase muito má e o Sporting à beira de um colapso, o Benfica teria marcado um momento absolutamente histórico de diferença para os rivais. E agora… todos imaginarão o trabalho que irá ser preciso para ganhar um penta…
Impossível para o Benfica? Só se se restruturar completamente a nível financeiro e desportivo para voltar a ter a estabilidade que teve nesses anos para voltar a sonhar com a possibilidade de ganhar um penta ou atingir duas finais europeias. Tudo envolve uma transversalidade. Não pego num investido e injeto 100 milhões de euros no Benfica numa aposta desportiva. Isso não basta para garantir campeonatos. É preciso entrosamento. Tenho de ter toda a gente alinhada. E, voltando atrás, nessa altura a pessoa que comandava o clube não estava totalmente alinhada com as necessidades do Benfica.
Então a falha do penta prendeu-se sobretudo com a falta de foco do presidente em relação ao projeto desportivo? E também por causa de uma certa sobranceria. É normal, nesse caso, tem que ver com o perfil das pessoas. Eu não sou assim. O Luís Filipe Vieira é assim, nada a fazer. Não lhe levo a mal a personalidade, levo-lhe a mal não perceber onde estava. E em vez de se focar no clube quis tratar de problemas pessoais. Um erro tão grande que eu acho que até os problemas pessoais que tinha poderiam ter sido mais facilmente resolvidos se o Benfica tivesse sido pentacampeão. Achou que, como o Benfica estava, iria ganhar fosse como fosse. Não! Não mesmo. Há uma expressão que o Domingos Soares Oliveira utilizou há uns anos que é decalcada do Ferran Soriano, que esteve no Barcelona e é administrador do Manchester City: «Temos de estar sempre a apertar o parafuso!» O parafuso está lá, e nós temos de estar sempre a apertá-lo. É um método. É um processo. Nunca chegamos ao ponto de poder afirmar, por exemplo, que temos quinze jogadores que servem para ganhar tudo. Não é assim. Um lesiona-se, outro leva vermelho, outro ainda não está bem psicologicamente… Temos de estar sempre a afinar a ideia, o projeto. E o discurso do Vieira nesse ano foi o do Benfica estar dez anos à frente de todos os outros. Nunca ninguém está dez anos à frente de ninguém. Pode é passar a mensagem de que está dez anos à frente, coisa completamente diferente. Mas, por dentro, tem de haver um trabalho contínuo, diário, com a comunicação, com os adeptos, com a busca incessante de aumentar o número de sócios, de aprimorar as modalidades…
As modalidades são um problema deste Benfica? Digo que o Benfica não está a passar um bom momento nas modalidades. Tem problemas financeiros. Não pode gastar milhões e não ser campeão. O último campeonato de andebol que ganhou foi em 2008! Milhões não significam vitórias, repito. E essa ideia tem vindo a ser alimentada. Temos duas modalidades que podemos considerar estáveis: vólei e basquete. O vólei internamente é excecional, mas não tem sucesso a nível europeu porque lhe falta competitividade nesse campo. O basquetebol combate, vai ganhando, foram equipas com traquejo. Depois há outras duas modalidades que me fazem confusão. Não entendo como é que o Benfica não ganha títulos europeus em hóquei em patins e em futsal. Ou melhor, entendo, e percebo o que é necessário reestruturar internamente para que isso venha a acontecer. Portugal é exímio tanto numa modalidade como na outra.
E ganha títulos internacionais… Precisamente. Portugal vive, respira e desenvolve o futsal a nível mundial. Naturalmente, o Benfica tem de ambicionar ganhar títulos europeus. No hóquei é a mesma coisa. O Sporting tem um projeto para o futsal avassalador a nível interno. O Benfica não consegue competir com o Sporting? O Braga veio buscar uma grande parte da estrutura do Benfica e teve sucesso. O futsal é para mim algo de muito preocupante. Se tivéssemos vários campeões ao longo dos anos, a matéria diluía-se. Mas não temos. Temos sempre um: o Sporting. Inexplicável! No hóquei conseguimos ir buscar os melhores jogadores, mas não ganhamos. O Nicolía explicou bem o problema agora quando saiu: «Os jogadores vêm para o Benfica para competir, não vêm para ganhar». Isto são palavras de um jogador que nos transmite a filosofia que se vive internamente.
Se a questão não é financeira é de falta de quê? Não esquecer este dado: tudo o que diz respeito às modalidades entra na esfera do clube. Nada com a SAD. E as modalidades são consideradas amadoras porquê? Porque só temos uma liga profissional em Portugal para uma modalidade: o futebol. Mas já tivemos outras: no basquetebol, no andebol… E os jogadores das modalidades são profissionais. A tempo inteiro. Agora outro ponto: tivemos uma Assembleia Geral para aprovação do orçamento. Ora, eu não sei se o orçamento foi aprovado ou não. Uns dizem que sim, outros que não. Não houve maioria absoluta. Por isso gostava de saber se o Benfica se está a gerir em duodécimos, se se está a gerir com o orçamento anterior, ou se a direção considera de facto que o orçamento foi aprovado. Há notícias que afirmam que o Benfica contratou especialistas para perceber se o orçamento foi aprovado ou não. Veja-se bem o estado das coisas. Nem há certezas sobre o que se anda a fazer? Isto é muito grave. E a questão das modalidades exige uma completa transparência a nível orçamental. Quanto é que estamos a investir em cada modalidade? Eu olho para o orçamento e vejo apenas: modalidades – 60 e tal milhões. Mas quantos milhões são aplicados em cada uma delas? Não é repartir equitativamente. O orçamento do futsal não é igual ao do vólei.
E isso não está especificado? Não. E não vou entrar pelo caminho de que o bolo é dividido em partes iguais pelas cinco modalidades. Não há transparência no orçamento de cada modalidade. O vice-presidente das modalidades tem de ter uma linha direta para o presidente e uma linha direta daí para baixo para todos os coordenadores. E as verbas atribuídas têm que estar dependentes de receitas. Porque, volto a repetir, estamos na área do clube e o clube é uma associação que vive de receitas e de patrocinadores. Formação! Em todas as modalidades do Benfica tem de possuir uma marca identitária. Tem de apostar em parcerias com escolas, públicas ou privadas, para incentivar os miúdos não apenas a praticar desporto, que é uma das suas obrigações como grande instituição que é, mas também promover o conhecimento entre eles do clube e garantir que os forma como desportistas e como homens. É preciso incentivar os jovens a darem esse passo, até porque o futebol, nesse aspeto, atrai toda a gente. Logo temos de defender o gosto dos miúdos pelas modalidades para que eles não fujam todos para o futebol. O Halland contou uma vez que quando andava na escola era obrigatória a prática de várias modalidades. E o Estado impunha esta obrigação. No caso do Benfica não é sustentável andar a gastar dinheiro a contratar jogadores para todas as modalidades. A aposta na formação tem de ser feita e reforçada. Mas também podemos fazer parcerias, sobretudo no basquetebol, no voleibol e no andebol. Parcerias com clubes estrangeiros, por exemplo. Todos os anos vai buscar americanos para o basquetebol. Há forma de se fazerem parcerias com universidades.
A última Assembleia Geral criou polémica. Queres explicar? Claro. E até digo que começou muito bem. De forma fluida. Perfeito entendimento entre mim, Guilherme Fontes, a professora Raquel Vaz Pinto e o Jaime Antunes. Depois da interrupção para o almoço é que as coisas descambaram. O tempo começa a escassear, há sócios que querem intervir e não tem possibilidade, apresento um requerimento ao Fernando Seara (presidente da Mesa da AG) e aconselho-o a adiar os pontos em aprovação para nova AG que deveria ter lugar não depois de 30 dias. Ele teima que está tudo a correr bem, que não há adiamento nenhum. Mas era absolutamente impossível concluir os trabalhos até às 20h00. Ele leu o meu requerimento e este foi aprovado. Mas, entretanto, o Seara avisou-me que ia anular o meu requerimento, afirmando que quem mandava era ele. O quê? Reclamei, o Guilherme Fontes foi minha testemunha, e é quando o Fernando Seara saiu do púlpito de presidente e foi falar no púlpito dos sócios declarando que se demitia. O Pereira da Costa assumiu os trabalhos com o apoio do Jaime Antunes. Eis o resumo do que se passou.
Achas que a demissão de Fernando Seara enfraquece de alguma forma a atual direção? De formal alguma. Aliás, e bem, o Rui Costa tomou a palavra e colocou as coisas no seu lugar.
Como é que te posicionas relativamente à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e à Liga Portugal? Vamos ter eleições em janeiro de 2025 para a Federação e, se o atual presidente da Liga Portugal se candidatar, então, inevitavelmente haverá também eleições na Liga. A nível institucional, o Benfica perdeu influência desde que foi criada a Liga de Clubes nos anos 90. Quando falo em influência é uma influência positiva, nada tem a ver com jogos de bastidores. O Benfica tem de sentar-se à mesa com restantes clubes e ser ele a força motriz, ou seja, indicar o caminho correto, e não o que aconteceu o ano passado quando o presidente do Braga, António Salvador, falou das mudanças que são necessárias fazer no futebol português. Onde é que andavam o Benfica, Sporting e Porto? O Benfica não é capaz de apresentar um modelo com as necessidades do futebol nacional?
E deu o exemplo de um tema que devia levado a sério pelos clubes. Não faz qualquer sentido um país como Portugal ter duas ligas profissionais com 36 clubes. Não estou a dizer que temos de passar para o modelo da Escócia, mas a verdade é que não há dinheiro que aguente isto, os atuais quadros competitivos não são sustentáveis. Quando um clube desce para a II Liga, os direitos televisivos caem a pique, enquanto nos outros países recebem um prémio maior para se aguentarem num escalão inferior. O modelo competitivo está falido, o futebol profissional tem de ser reestruturado.
Como olhas para os candidatos aos dois organismos? Tenho a certeza de que Pedro Proença se vai candidatar à presidência da FPF. Acho uma vergonha não ter oficializado ainda essa candidatura, com toda a promoção que tem sido feita, sobretudo através de eventos em que é claramente promovido o seu nome. Penso que o Nuno Lobo também se vai candidatar, é uma ambição legítima e natural.
Qual a tua opinião sobre o facto de o clube estar muito dependente do empresário Jorge Mendes? O Benfica está muito dependente da venda de jogadores num primeiro plano e depois tem uma relação privilegiada com Jorge Mendes e a Gestifute. A minha preocupação prende-se com a necessidade de chamar uma pessoa para vender um jogador quando não necessitava. Faz-me confusão quando um clube como o Liverpool contacta diretamente com o Benfica para contratar o Darwin e o Benfica, a seguir, vai chamar o Jorge Mendes para vender esse jogador. Atualmente, o regulamento da FIFA permite que o mesmo empresário represente as duas partes por comum acordo, mas, em minha opinião, nunca há uma verdadeira independência na gestão do processo. Como é que alguém é capaz de defender da mesma maneira o clube vendedor e os interesses do atleta. Na área da advocacia isso é considerado conflito de interesses, só posso estar num dos lados. Se o Benfica precisa de vender um jogador e não consegue, nesse caso faz sentido trabalhar com alguém que consiga desbloquear a situação e arranje um comprador, mas tendo sempre presente que quem paga a comissão é o clube comprador. Em resumo, fico preocupado de duas formas: a necessidade de o chamar para resolver determinados negócios quando, na realidade, não precisava e, depois, perceber até que ponto a formação do Benfica está nas mãos de Jorge Mendes.
E lembro o caso de Gonçalo Ramos… O jogador não pertencia à Gestifute, mas foi empurrado para essa empresa para ser vendido ao PSG. Há outros casos de o Benfica promover a troca de empresários para vender jogadores.
Qual a solução? É simples, o clube não se deve intrometer nas negociações entre jogadores, pais de jogadores e empresários, é um problema deles. O Benfica tem de estar completamente despido de interesses e a imagem que passa lá para fora é que tem interesse em vender alguns jogadores com determinados empresários para poder obter um ganho financeiro mínimo para conseguir fazer face às suas despesas, custos e encargos. O Benfica não está só nas mãos de Jorge Mendes, está também preso a uma dívida brutal.
Afonso de Melo e João Melo - Sol
Revolução em 2025
Sei que 2025 vai ser diferenciado. Vai ser à Benfica.
Sei que 2025 vai ser diferenciado. Vai ser à Benfica.
Confesso que fico surpreendido com comentários públicos (televisivos ou outros) de opinadores que passam a mensagem de que existem atualmente coligações negativas e oposições com “determinado interesse” no universo associativo do Sport Lisboa e Benfica (SLB). Alguns destes chegam mesmo a considerar que os tais movimentos se revelam, sobretudo, nas respetivas Assembleias Gerais.
Parece-me que só podem ter essa opinião pessoas não afetas ao Sport Lisboa e Benfica ou meros adeptos que ainda não tiveram oportunidade para vivenciar a espetacular realidade de uma Assembleia Geral no SLB. Isto porque é exatamente nas Assembleias que os sócios têm voz para se poderem manifestar livremente.
E o SLB aqui peca por só ter duas assembleias gerais anuais ordinárias (Orçamento em Junho e Contas em Setembro). Considero pecado pois tenho a certeza que se existissem mais reuniões magnas, mais sócios estariam presentes para serem ouvidos.
Vamos na terceira AG em 2024 e a média do número de consócios presentes tem vindo a aumentar. Por outro lado, tenho sido contatado nas AG’s por sócios provenientes de vários cantos do país (Coimbra, Braga, Leiria, Quarteira, Porto, Gaia, etc). E isto sem mencionar casos, ainda que em número menor, que viajam do estrangeiro.
Chateia-me, portanto, o facto de se opinar gratuitamente sem conhecimento de causa, sem se ter estado presente (ou não querer estar), sem olhar para a forma como os sócios descrevem e revelam as suas dúvidas, mágoas e incertezas. Preferem ler o resumo ao minuto de um qualquer jornal on-line cujos jornalistas também não se encontram no interior do local do acontecimento.
Sei que 2025 vai ser diferenciado. Vai ser à Benfica. Os sócios já estão a demonstrar que não ligam aos opinadores que aconselham a ter “calma” e que insistem que Schmidt foi despedido por pressão e a pedido dos sócios. Ou pior, que todos temos que esperar para saber se o SLB ganha ou não competições no final da época em curso pois esta é a única condição para decidir as próximas eleições.
Os sócios querem ganhar sempre! Independentemente de quem está à frente do leme. Quem entender o contrário, não é do Benfica. Quem considerar que o Benfica deve perder para que possa existir uma mudança, não merece ser!
Tem faltado sensibilidade para reconhecer a existência de uma mobilização associativa crescente atualmente no SLB. Continuam a acreditar que os sócios não pensam por si próprios e que não fazem uma avaliação da globalidade dos mandatos. Tentam passar uma mensagem errada intencionalmente de que o que interessa é o resultado final da última temporada desportiva pré-eleitoral. Os Benfiquistas já não estão aí.
Quase 35% dos sócios em 2020 e 15% em 2021 demonstraram que se vão exigir mudanças profundas em 2025. Não vai haver conquista de competição desportiva que legitime uma recandidatura exclusiva dos atuais corpos dirigentes do Clube e da SAD!
E quem não percebe que a antecipação de uma candidatura isenta e independente se deve à necessidade de ter que ser apresentada com tempo junto dos sócios para que se confirme o que estes realmente desejam, então não merece ter destaque da sua palavra.
Não haverá lugar a uma evolução a partir de 2025 pois isso pressupõe a manutenção das bases de um modelo atual de gestão completamente esgotado. Vem aí uma revolução porque vão ser disparadas munições de uma verdadeira reestruturação desportiva, económica e financeira. Sustentada, isso sim, na história de sucesso que continua a preencher a alma do Sport Lisboa e Benfica!
discurso ag ordinária - 27 setembro 2024
Exmo. Sr. Presidente da Mesa de Assembleia Geral, Dr. Pereira da Costa, os meus cumprimentos. Quero-lhe dar uma vez mais os parabéns pelo excelente trabalho de sábado passado. Revelou estar à altura do cargo! Os sócios aguardam ansiosamente pela marcação de nova AGE. O dia 12 de outubro parece-me uma boa alternativa. V/ Exa. tem a palavra.
Exmo. Sr. Presidente do Conselho Fiscal, Dr. Fonseca Santos, os meus cumprimentos. Peço-lhe encarecidamente que ajude o Presidente da Direção nesta Assembleia a explicar aos sócios o perigo que consta da nota 35 do relatório de contas.
Ou seja, 3 perguntas apenas:
1 – Quanto é que a Benfica SGPS deve hoje à SAD pela compra e venda das ações da Benfica Estádio e da BTV em 2019? São 82 milhões de euros?
2 – O nosso Clube tem que injetar dinheiro na SGPS para esta pagar a dívida à SAD? Se sim, de que forma e durante quanto tempo? São à volta de 5 milhões e meio durante 30 anos?
3 – Por último, a SAD tem vindo ou não a injetar contingentemente dinheiro no Clube? Se assim for, a que título?
Por fim, Exmo. Sr. Presidente da Direção, Rui Costa, os meus cumprimentos.
Meu Caro, gostaria de lhe passar a seguinte mensagem prévia:
- É aqui na nossa casa que o presidente do Benfica deve ser chamado à atenção!
- São nestas assembleias que os sócios lhe exigem respostas!
- Nas últimas duas semanas, v/ exa. foi atacado cobardemente duas vezes fora desta casa!
- Pegue no telefone e diga a esses 2 sócios para virem falar aqui à nossa frente!
Por outro lado, permita-me dizer-lhe o seguinte:
- O Presidente do Benfica não recebe recados do presidente da liga ou de um potencial candidato à federação
- Diga a esse pseudo-benfiquista que o futebol em Portugal vale zero sem o Benfica!
- Exija a reformulação dos quadros competitivos e a redução do número de clubes
- Aproveite para lhe pedir de volta a águia de ouro atribuída este ano e despeça todos os trabalhadores do Benfica que estão a promover a ida desse senhor para a federação
- Não há centralização sem o Benfica! Pressione os políticos para alterar essa lei e para revogar a lei do cartão do adepto.
- Defenda o Benfica contra quem nos quer fazer mal!
- V/ exa. é o Presidente do Sport Lisboa e Benfica! Lidere!
Por fim, peço-lhe que me responda com transparência quanto às contas do Benfica:
- Quanto é que gastamos por cada modalidade?
- Quem são os 5 maiores fornecedores e quanto ganharam no último ano?
Existe uma deterioração de 7.7 milhões de euros do ativo corrente e passivo corrente! O clube está a perder dinheiro e valor. Como irá resolver esta situação no curto prazo?
Sejam transparentes connosco!
Viva o glorioso!
Viva o Sport Lisboa e Benfica!
Faltam mais dias à BENFICA!
Sei que quanto mais Assembleias Gerais (AG) tivermos, independentemente da sua ordem de trabalhos, teremos mais debate, mais união e mais acertos. É a falar, direta e pessoalmente, que todos nos entendemos.
No passado sábado, vivemos mais um dia à BENFICA. Como seria de esperar, os sócios, uma vez mais, responderam à chamada e disseram “presente”. Sente-se que as Assembleias do Clube estão a crescer em número de sócios. Que saudades e que falta faziam! Sei que quanto mais Assembleias Gerais (AG) tivermos, independentemente da sua ordem de trabalhos, teremos mais debate, mais união e mais acertos. É a falar, direta e pessoalmente, que todos nos entendemos.
Por outro lado, vejo-me obrigado a fazer um esclarecimento sobre algo em que me vi envolvido da parte da tarde na Assembleia, nomeadamente, no âmbito do 2.º ponto da ordem de trabalhos (discussão e votação das propostas na especialidade admitidas). Houve vários sócios, localizados em espaços diferentes dentro do pavilhão, que me vieram abordar diretamente porque estavam insatisfeitos com dois factos em concreto:
1) a metodologia que o Presidente (à altura) da Mesa da AG (Prof. Dr. Fernando Seara) havia encetado para a análise dos artigos da especialidade; e,
2) o facto desse mesmo Presidente ter declarado que os trabalhos teriam que estar necessariamente concluídos (entenda-se, o processo de revisão completo) pelas 20 horas do sábado passado, sem que tivesse sido devidamente esclarecido que, caso não concluíssemos o ponto 2 e o ponto 3 da ordem de trabalhos, teria que haver continuidade do processo para nova assembleia geral a ser convocada de futuro.
Ora, quanto ao primeiro ponto, após ter ouvido várias queixas e manifestações de insatisfação por vários consócios, decidi elaborar um requerimento (do qual guardo cópia) e dirigir-me ao Presidente da Mesa da AG para lhe entregar o mesmo em mão. Mas não sem antes lhe explicar o motivo pessoalmente. Fiz questão que ele soubesse que o atual procedimento não estava claramente a funcionar, tendo-lhe sugerido que (i) parasse por breves momentos a AG para refletir sobre outro procedimento com os seus membros coadjuvantes da mesa, (ii) que esclarecesse que a revisão estatutária iria ter seguimento numa próxima AG (após ser encerrada no sábado pelas 20 horas) e que (iii) esta futura AG fosse agendada dentro dos próximos 30 dias.
Por isso, nunca e em momento algum, solicitei que a Assembleia fosse suspensa definitivamente para continuar noutro dia! Sugeri que fosse parada por breves momentos (10/15m no máximo), para que os membros da mesa conferenciassem no sentido de decidirem uma alternativa e melhor forma de poderem continuar a análise e aprovação dos artigos na especialidade.
Se há algo que eu sempre respeitei foram os meus consócios. Sempre! Não admito que me digam o contrário e jamais provarão que o fiz no passado ou sequer que o pretendo fazer no futuro.
Mais: o requerimento apresentado foi aprovado quase por unanimidade! Portanto, os sócios provaram, assim, que queriam outra forma de analisar e discutir os artigos na especialidade. Aparentemente, só o Presidente, que, entretanto, decidiu sair do pavilhão (estando no seu direito), é que não concordou com a intenção dos sócios. Atesto que até membros da direção (Fernando Tavares e Jaime Antunes) e da mesa da AG (incluindo o Dr. Pereira da Costa) anuíram, pois sabiam que o ponto 2 não estava a correr de feição. Nesta parte, devo deixar uma palavra de agradecimento ao consócio Guilherme Fontes pela ajuda no reforço do esclarecimento para que a AG tivesse decorrido maravilhosamente até ao seu final.
Quanto ao segundo ponto que atrás indiquei, confesso que jamais uma Assembleia Geral do Benfica, destinada a rever a sua carta magna, iniciaria e terminaria num só dia. O Sport Lisboa e Benfica não é uma instituição com 100 associados, nem nasceu ontem. Não se trata um processo desta envergadura, complexidade e necessidade como se fosse um procedimento banal.
Em 1966, o SLB teve 19 (!!!) sessões em Assembleia Geral para rever os seus Estatutos. Em 1985 foram 12 sessões e em 1996 foram 5! Já os de 2010, que são a razão pela qual temos que os alterar urgentemente, foram feitos em 2 sessões discretas sem massa crítica.
Os sócios já não andam a dormir. Estão mais acordados e vivos que nunca. Não tentem fazer de nós indiferentes. Creio que todos aguardamos com muita vontade a próxima AG para a continuação da discussão na especialidade e, com sorte, um enorme progresso de acordo com uma metodologia séria, simples e democrática.
DISCURSO AGE ESTATUTOS - 21 SETEMBRO 2024
Não são os estatutos perfeitos, mas é um passo em frente que deve ser melhorado significativamente na especialidade pelos sócios.
Benfiquistas,
Hoje é um dia histórico para o Sport Lisboa e Benfica.
Chegou finalmente o dia em que vamos debater e votar o documento mais importante desde a nossa fundação. Passaram-se 14 anos da última aprovação de uns estatutos que não estão à altura do nosso clube. É verdade que:
- Nos fizeram esperar tempo demais para esta revisão estatutária
- Que o processo não foi transparente conforme se exige no Sport Lisboa e Benfica
- Que foram ultrapassados prazos estatutários
- Que foram disponibilizados publicamente dados privados dos sócios sem autorização
Ainda assim hoje começa um novo futuro para o Sport Lisboa e Benfica. Apelo a todos os sócios para que aprovem em consciência este novo documento.
Não são os estatutos perfeitos, mas é um passo em frente que deve ser melhorado significativamente na especialidade pelos sócios. Essa especialidade deve contemplar:
- A alteração do número de votos por categoria de sócio
- A necessária 2.ª volta em atos eleitorais
- A implementação de uma Assembleia Ordinária para discutir a época desportiva
- O destino dos votos das Casas do Benfica
Não há Benfica sem voz e poder dos sócios! Não há Benfica sem democracia!
Desejo a todos um dia à Benfica!
VIVA O GLORIOSO! VIVA O SPORT LISBOA E BENFICA!
Benfica Vencerá!
Foi com enorme sentimento de responsabilidade benfiquista que lancei oficialmente a minha candidatura à Presidência do Sport Lisboa e Benfica
Foi com enorme sentimento de responsabilidade benfiquista que lancei oficialmente a minha candidatura à Presidência do Sport Lisboa e Benfica. Todos os sócios e adeptos poderão agora começar a acompanhar o trajeto da candidatura que se irá desenvolver ao longo dos próximos meses.
Reforço que o objetivo de ter avançado mais cedo do que o habitual para conquistar o sucesso nas eleições de Outubro de 2025 prende-se com dois fatores essenciais:
1) auscultar os sócios e adeptos para pensarmos e debatermos “Benfica”. Seja onde estiverem, nós vamos ao vosso encontro;
2) assegurar a todos os sócios e adeptos que esta candidatura não depende de quaisquer resultados desportivos futuros, interesses ou poderes instalados.
Independentemente de quem se encontra a liderar a nossa gloriosa Instituição, o Sport Lisboa e Benfica tem que ganhar sempre! Quando o Benfica ganha, todos ganhamos! O sucesso nunca será exclusivamente da direção “A”, dos “sócios B” ou de terceiros.
Vai ser um ano de trabalho intenso para dar voz aos sócios e adeptos e fazer com que nos oiçam calmamente e com atenção. O objetivo passa por obter a sinergia necessária de ideias e estratégias que definirão o futuro próximo do Sport Lisboa e Benfica.
Entretanto, tomei nota que um dos novos administradores da Benfica SAD já teve oportunidade para participar na edição do Football Summit organizado pela Liga de Clubes no passado fim de semana. O mesmo apontou legitimamente, dentro da sua visão, que deve haver uma união maior entre a indústria e que nós (SLB) "concorremos no campo, na compra de jogadores, mas temos de cooperar mais noutras áreas”.
Percebo o tom político quanto à necessidade de entrosamento em relação ao produto “Liga”. Mas, respeitosamente, entendo que o Sport Lisboa e Benfica neste momento, em primeiro lugar e mais que tudo, tem que se encontrar novamente a si próprio. Tem que arrumar a sua casa para poder estar livre vícios e preconceitos. Tem que romper para um rumo distinto daquele que marcou os seus últimos 15 anos, mesmo com o sucesso desportivo que se conhece pelo meio.
Ainda ontem, com base no barómetro da Fundação Francisco Manuel dos Santos, o jornal Público deu-nos a conhecer que 9 em cada 10 pessoas em Portugal consideram que a corrupção é um problema "grave" e que os clubes de futebol (em conjunto com partidos e autarquias) são vistos como os grupos mais corruptos e que metade dos inquiridos acredita que a corrupção tem um impacto diário na sua vida.
Significa isto que o Sport Lisboa e Benfica tem que meter mãos à obra para liderar, de forma independente, autoritária e nobre, na aplicação dos valores e princípios da transparência, bons costumes e práticas.
Uma enorme saudação a toda a nação e família benfiquista. Todos unidos, o BENFICA VENCERÁ!
Discurso apresentação da candidatura
É por isso que estou aqui hoje perante todos vocês, com humildade e um enorme sentido de responsabilidade para vos dizer que sou candidato à presidência do SPORT LISBOA E BENFICA!
Benfiquistas,
Comemoram-se hoje os 116 anos da junção do SPORT LISBOA com o SPORT CLUBE de BENFICA.
Daqui nasceu o nome do maior clube de Portugal e um dos mais admirados por esse mundo fora, o glorioso SPORT LISBOA e BENFICA.
E, por fabulosa coincidência, veja-se bem faz exatamente hoje 2 anos que o meu querido filho Vasco nasceu.
São duas datas felizmente coincidentes e extremamente importantes para mim porque tanto a minha família, tal como as vossas está enraizada num propósito maior chamado BENFICA.
Eu faço questão de vos relembrar que o nosso clube foi ...
CRIADO por Cosme Damião ...
DENOMINADO por Félix Bermudes ...
PROTEGIDO por Manuel da Conceição Afonso ...
EXPONENCIADO por Ferreira Bogalho …
INTERNACIONALIZADO por Maurício Vieira de Brito e …
DOMINADOR nas mãos de Borges Coutinho!
E é por respeito a todos estes homens admiráveis entre outros da nossa história que eu acredito que todos vocês me irão conceder a maior honra que pode existir: trabalhar com todos os benfiquistas e para todos os benfiquistas para retomar o sucesso da nossa gloriosa história!
É por isso que estou aqui hoje perante todos vocês, com humildade e um enorme sentido de responsabilidade para vos dizer que sou candidato à presidência do SPORT LISBOA E BENFICA!
Asseguro-vos que esta candidatura não depende de resultados desportivos não depende de quaisquer interesses e de poderes instalados!
Nada nem ninguém nos move a não ser tentar retribuir tudo aquilo que o BENFICA já nos deu!
Tenho a energia inesgotável do sentimento benfiquista que nos une e tenho a experiência e o conhecimento especializado próprio do fenómeno desportivo para encarar todos os desafios atuais e futuros do SPORT LISBOA E BENFICA.
Durante os próximos meses vamos colocar o BENFICA no centro do pensamento e debate de todos os sócio e adeptos!
Com tempo planeamento e um rumo claro serão ouvidos todos os benfiquistas que assim o queiram e agradeceremos a oportunidade a todos aqueles que nos quiserem ouvir.
O BENFICA tem que ser bem liderado para poder liderar e só todos juntos conseguiremos construir um futuro vencedor!
Mais tarde, ficarão a conhecer a equipa que me irá acompanhar composta por benfiquistas extremamente motivados e com vasta experiência profissional em diferentes áreas!
Estamos preparados para propor uma visão alternativa e sem medo de tomar decisões!
Esta candidatura lançará as sementes do sucesso de uma gestão que respeitará os pergaminhos, valores e princípios do SPORT LISBOA e BENFICA.
A alternativa que pretendemos implementar assentará em 5 pilares fundamentais:
Em primeiro lugar, o Associativismo: serão propostas mudanças para dar mais voz e poder aos sócios e adeptos. Os sócios passarão a poder avaliar o resultado das épocas desportivas em assembleias anuais próprias para o efeito; haverá congressos por todo o país para debater o Benfica! apesar do progresso na revisão dos estatutos, serão necessárias mais alterações! Não haverá mais galas sem a presença de sócios e adeptos! e vai nascer finalmente, de uma vez por todas, o espaço dos sócios no Estádio!
Prometo-vos que vou abrir todas as portas que se encontram fechadas para vos aproximar do nosso clube! O BENFICA é vosso e ser-vos-á devolvido!
O 2.º pilar passará pelo vetor Desportivo onde será implementado um modelo de gestão que garanta vitórias e conquistas! Respeitaremos os adversários, superando-os e deixando marca! o BENFICA vai parar de formar para vender no imediato o BENFICA vai formar para reter talento.
Não é possível criar cultura de vitória quando vendemos os nossos melhores jogadores pouco tempo depois de os lançarmos ao mais alto nível!
É preciso fazer dos nossos jovens atletas - homens e mulheres - exemplos para todos nós. não iremos ceder à tentação do lucro imediato, não entraremos no carrossel de entradas e saídas de jogadores nem faremos parte do mercantilismo da atual política desportiva do Clube.
Tentaremos trazer os melhores atletas nacionais e vestiremos o Manto Sagrado apenas a valores estrangeiros seguros.
Meus Caros, quando vierem festejar os títulos do BENFICA para o Marquês de pombal atrás de vocês lembrem-se foi aqui que tudo recomeçou!
O 3.º pilar passa pelas relações Institucionais onde o BENFICA terá que assumir novamente a liderança do desporto em Portugal. Recusamos um sistema que não prestigia o futebol português que se torna mais pobre época após época e que não reconhece a importância do BENFICA.
Se os benfiquistas que participam por estes dias no Football Summit da Liga conhecessem os bastidores do futebol português tal como eu não teriam marcado presença. Sempre ouvimos que há soluções para o nosso futebol mas não vemos resultados.
Meus caros Benfiquistas, asseguro-vos que seremos vigilantes da federação portuguesa de futebol e teremos voz ativa na liga, não há centralização que aguente sem o BENFICA, não há ligas profissionais que aguentem com 36 equipas, por isso temos que exigir a reformulação dos quadros competitivos!
O 4.º e penúltimo pilar assenta na parte Empresarial o BENFICA será finalmente auditado de forma credível e transparente. Todas as 12 entidades da SAD à Fundação serão escrutinadas faremos da transparência um ativo tangível.
Exigimos saber o que foi feito dentro da nossa própria casa e não teremos piedade por quem prejudicou ou não protegeu o BENFICA. Por outro lado, já se sabe que a situação económico-financeira da SAD terá que ser reestruturada urgentemente esta reestruturação será feita com base num novo modelo desportivo; Serão introduzidas ferramentas para uma governação sustentável e teremos que viabilizar, de uma vez por todas, a enorme dívida que acorrenta e estagna o nosso clube!
Não há tempo a perder, está em causa o futuro da nossa Instituição!
O 5.º e último pilar incide nas Infraestruturas pois temos que tentar reagrupar todos os atletas das modalidades, temos que reforçar as infraestruturas do projeto olímpico, temos que expandir o Campus do Seixal pela Quinta do Álamo porque estamos constrangidos com sobrelotação de equipas de futebol.
Apesar de reconhecer a mais-valia do nosso Estádio, custa-me lembrar que ele perdeu metade do seu poder há mais de 20 anos. Não consegue ter espaço para muitos sócios que gostariam se juntar a nós. Nem sequer ter áreas comerciais que mantenham o BENFICA vivo 24 horas por dia para dar resposta a todos aqueles que o procuram.
Tudo isto é insuportável! é a nossa casa e há que criar soluções!
Por fim, gostaria de deixar as seguintes mensagens aos nossos dirigentes e atletas:
- Aos dirigentes digo-vos o seguinte: Olhem para esta candidatura como uma oportunidade para fazer crescer o Benfica e não façam dela oposição! Ganhem com seriedade e exigência à imagem do BENFICA.
Relembro-vos, outra vez, que o sucesso do vosso trabalho é o sucesso de todos nós! Façam-nos, acima de tudo, orgulhar!
- Aos atletas que nos representam relembro-vos as palavras do saudoso Ferreira Bogalho: “De uma semana para a outra de uma jornada para a seguinte só mudam as cores dos equipamentos. O anti-BENFICA é o mesmo e vão-nos criar dificuldade. Só depende de vocês darem cabo deles!”.
Para terminar a minha última mensagem é para todos os sócios e adeptos relembrando-vos o seguinte:
- Somos BENFICA há mais de 120 anos e sabemos onde estamos hoje mas, especialmente, sabemos para onde queremos ir.
Chegou a hora de nos focarmos naquilo que o BENFICA ainda virá a ser!
A mudança começa hoje e aqui neste local, posso-vos assegurar que, com todos juntos, o BENFICA VENCERÁ!!!!
VIVA O GLORIOSO! VIVA O SPORT LISBOA E BENFICA!
Exigem-se Bogalhistas
Se os resultados desportivos podem gozar de determinado grau de incerteza, tal não sucede com a saúde financeira das sociedades desportivas. É exigível que se antecipem prejuízos e se adote um plano para os reduzir, saber em que gorduras cortar, apostar num investimento específico rumo ao sucesso desportivo e, acima de tudo, adotar medidas que jamais coloquem em risco a sustentabilidade da própria Instituição.
A publicação da informação económica e financeira relativa ao exercício findo a 30 de junho de 2024 é suficientemente reveladora de um desaire que não encontra fim. É um acumular de gestões amadoras, descuidadas e desconsideradas por parte de dirigentes que nunca tiveram como primeiro e essencial propósito cuidar da família que neles apostou e elegeu.
Desde há muitos anos que tenho vindo a lutar para que todos os sócios e adeptos benfiquistas olhem para além das transferências de jogadores, sistemas táticos, golos, faltas, cartões amarelos e vermelhos. O Sport Lisboa e Benfica já se encontra enfermo há muito tempo, diria mesmo desde 1994 quando Jorge de Brito, esse benfiquista de alma e coração, decidiu renunciar por reconhecer que não tinha capacidade para profissionalizar e adaptar a nossa Instituição às inevitáveis necessidades da altura.
Se os resultados desportivos podem gozar de determinado grau de incerteza, tal não sucede com a saúde financeira das sociedades desportivas. É exigível que se antecipem prejuízos e se adote um plano para os reduzir, saber em que gorduras cortar, apostar num investimento específico rumo ao sucesso desportivo e, acima de tudo, adotar medidas que jamais coloquem em risco a sustentabilidade da própria Instituição.
Para poder participar nas suas competições, a UEFA impõe que os clubes e sociedades desportivas tenham as contas em dia e limites de dívida para com outros congéneres e terceiros que vai reduzindo à medida que o tempo vai passando. Mas por cá, temos um regulamento de licenciamento da Liga que já se perdeu a conta às vezes que foi violado por várias sociedades desportivas. O nosso futebol vive numa realidade de facilitismo proibitivo. As consequências surgirão.
O Benfica está hoje completamente dependente de receitas (extra)ordinárias da venda de jogadores. Não é porque o “sistema assim o exige”. É porque os dirigentes assim sujeitaram e subjugaram o Benfica desde 2003. E ainda passaram a ter a desfaçatez de comunicar e tentar passar a mensagem, através de terceiros, de que é um orgulho ser “campeão de receitas”. Como se isso enchesse os bolsos dos sócios ou sequer lhes interessasse.
O Benfica aumenta a sua dívida e não ganha no futebol. Se ganhasse, havia debate e discussão mas o mais provável era ninguém ligar à dívida colossal e mortífera (já o escrevi e falei repetidamente). Como não tem vindo a ganhar regularmente (1 liga e 1 supertaça em 3 anos de mandato), há um dia em que as nossas gentes se insurgem. É o dia em que percebem que não se arranja algo que esteja bem.
Nos anos 50, Ferreira Bogalho saneou as contas do clube para poder conseguir tornar desportivamente o Benfica num dos maiores clubes do Mundo. Tudo era transparente e aos sócios só lhes cabia acreditar. Há princípios de gestão básicos e lógicos. Hoje, numa sociedade global, com total acesso a investimento e sob a égide da poderosa marca “BENFICA”, não temos dirigentes sequer com literacia financeira. Pior ainda, sem interesse, amor e devoção Bogalhista.
Ainda mais me entristece saber que não se conseguiu negociar no imediato o treinador que se contratou porque os seus agentes se encontravam ausentes do país. Que raio de mundo é este em que se exige a presença do agente de futebol do treinador benfiquista (que beija o símbolo na sua segunda apresentação) para determinar as condições do contrato com o clube do seu coração?
João Diogo Manteigas, sócio 12.262
PROJECTO (QUASE) FALHADO
Desengane-se quem pensa que o cenário de eleições antecipadas resolve alguma coisa. Ao dia de hoje, existe a sensação de que o projeto desportivo 2021-2025 do Sport Lisboa e Benfica irá falhar antecipadamente. À entrada para o último ano do mandato em curso, já nem vale a pena escrever que os resultados desportivos iniciais não estão de acordo com os pergaminhos do Clube. Pior: não estão a ser, de todo, condizentes com a necessidade urgente que o Benfica tem de ganhar e de todos convencer.
Desengane-se quem pensa que o cenário de eleições antecipadas resolve alguma coisa.
Ao dia de hoje, existe a sensação de que o projeto desportivo 2021-2025 do Sport Lisboa e Benfica irá falhar antecipadamente. À entrada para o último ano do mandato em curso, já nem vale a pena escrever que os resultados desportivos iniciais não estão de acordo com os pergaminhos do Clube. Pior: não estão a ser, de todo, condizentes com a necessidade urgente que o Benfica tem de ganhar e de todos convencer.
Foi o Presidente Rui Costa quem, em finais de maio, sentado no Campus do Seixal numa entrevista aberta a todos os meios de comunicação, disse (e passo a citar) que “o que Schmidt fez há um ano não é obra do acaso”, que “seria mais fácil, ágil e populista mudar de treinador e partir para uma nova era”, que “devíamos ter feito mais, tivemos problemas” e que “Schmidt não pode ser o bode expiatório”.
Hoje somos levados a pensar se a conquista da liga 2022-23 não foi fruto do acaso. Em particular, com base no decréscimo acentuado do desempenho desportivo nos últimos 5 meses dessa mesma época precipitado pela venda de um jogador pendular ao final de um semestre da sua contratação milionária e que devia ter sido proibido de sair para dele se exigir brio profissional. Nesta casa exige-se e só se não corresponder é que deve sair. Enzo Fernández estava a corresponder independentemente da sua atitude errática fora de campo.
Mas como a necessidade financeira é tanta e a dívida da SAD é um sorvedouro de dinheiro, há que vender. Entre junho de 2021 (época 2021-22) e agosto de 2024 (época 2024-25), o Benfica amealhou em vendas de jogadores 582.620.000,00 EUR e gastou em contratações 278.050.000,00 EUR. Portanto, a receita e o saldo operacional positivo de 304.570.000,00 EUR serviu para uma liga e uma supertaça até hoje. Percebem porque é que os sócios se manifestam? Porque o que interessa é ganhar, independentemente de faturarmos muito ou pouco. Nem todos os sócios e adeptos são acionistas da SAD para receberem lucros (nem quereriam), nem esta os distribui pela sua dupla acionista Clube e SGPS (se assim fosse, o Clube já teria resolvido muitos problemas graves).
E quando não se ganha regularmente ao mesmo tempo que as contas são um descalabro, então o cenário é dantesco. Porque coloca o Benfica ainda mais dependente das vitórias e sem margem para errar. Mas tudo tem um limite. O modus operandi de quem representa o Benfica desde 1994 é fazer all-ins e gastar (muito) dinheiro que não tem para correr atrás do prejuízo desportivo de épocas anteriores e quando os sócios aumentam o tom.
O projeto global (desportivo e não só) do Benfica está invertido. A experiência ensina-nos que é preciso ganhar para ter sucesso financeiro. O segundo depende do primeiro. Mas não a todo o custo como sempre aconteceu ao serem gastos milhões em jogadores e não numa equipa. Há que parar em determinada altura para se pensar a 5 e 10 anos. Comunica-se com transparência a quem temos de servir para explicar que os erros não voltarão a suceder e sem hipotecar o futuro.
Atualmente, os sócios estão mais informados e procuram-se certificar do que se passa em torno do Maior. É por isso que se manifestam de forma mais agressiva porque sabem que as coisas podem e DEVEM ser feitas de forma diferente e mais responsável.
Mas desengane-se quem pensa que o cenário de eleições antecipadas resolve alguma coisa. Nada de pior poderia acontecer ao Benfica, incluindo desportivamente. Quem foi eleito deve assumir a sua responsabilidade até ao fim e a antecipação eleitoral só provaria que o futuro não só está completamente hipotecado como não há forma de o resolver a curto prazo.
João Diogo Manteigas, sócio 12.262
DELAPIDAção
Não há margem para justificar as evidências que estão ao alcance da inteligência de todos os sócios e adeptos. Apesar de mandatados democraticamente para o efeito, os representantes atuais do Sport Lisboa e Benfica irão tentar passar a mensagem cá para fora de que todas as movimentações de jogadores já realizadas (e ainda a realizar) foram planeadas e integram o projeto desportivo. Fica o aviso: não tentem fazer dos sócios parvos ao apontar o foco unicamente para a bola dentro da baliza em moreira de cónegos antes da paragem habitual para a desinteressante seleção nacional.
Não há margem para justificar as evidências que estão ao alcance da inteligência de todos os sócios e adeptos. Apesar de mandatados democraticamente para o efeito, os representantes atuais do Sport Lisboa e Benfica irão tentar passar a mensagem cá para fora de que todas as movimentações de jogadores já realizadas (e ainda a realizar) foram planeadas e integram o projeto desportivo. Fica o aviso: não tentem fazer dos sócios parvos ao apontar o foco unicamente para a bola dentro da baliza em moreira de cónegos antes da paragem habitual para a desinteressante seleção nacional.
Fica o alerta e aviso sério a todos os que se encontram dentro do Sport Lisboa e Benfica: cá fora, os vossos consócios têm sensibilidade suficiente para perceber que a nossa instituição está a ser alvo de delapidação desportiva. É verdade que tenho a obrigação de saber (e, infelizmente, sei) que, como qualquer outra SAD, a nossa também tem que vender. Mas a pergunta que os benfiquistas devem fazer a quem nos representa é: porquê e a que custo?
As vendas de atletas deveriam ser consideradas como receitas extraordinárias, ou seja, contabilizadas como lucro extra para a SAD. Passa a existir um problema, que no SLB está à vista desarmada, quando as transferências começam a surgir em catadupa, umas a seguir às outras, ainda para mais de atletas com valor desportivo considerável e úteis ao projeto desportivo. Enzo, Ramos, Neves, Neres (e eventualmente Marcos Leonardo) não são trintões. Não estão a caminhar a passo largo para o final da sua carreira. Faziam cá mais diferença do que lá (onde se encontram).
A SAD tem um grave problema económico-financeiro. O passivo não é só brutal como se agravou nos últimos anos (2018/19: 364.619 milhões; 2019/20: 325.917 milhões; 2020/21: 379.606; 2021/22: 424.718 milhões e em 2022/23: 444.617). E mesmo que os paladinos da verdade venham defender que a dívida líquida reduziu, tal só é verdade de 2019/20 (92.753 milhões) em relação a 2018/19 (129.046 milhões) e de 2022/23 (140.823 milhões) para 2021/22 (147.088 milhões). Esta mais recente então completamente irrisória. Bem podem tentar arranjar formas de valorizar o ativo através de engenharia financeira e contabilística. Conheço todas. O único fator que irá recolocar o Sport Lisboa e Benfica no caminho da saúde financeira são ... VITÓRIAS e a longo prazo!
Por outro lado, a SAD vai ter que se reestruturar urgentemente na sua administração. A saída do ex-administrador financeiro, Luís Mendes, tornou a comissão executiva moribunda, sem representante para o mercado e com uma composição com dois membros apenas (Rui Costa e Lourenço Pereira Coelho) que envergonha qualquer acionista e investidor de uma sociedade cotada em bolsa. Pela minha leitura, alguém vai ter que entrar de fora para assumir a pasta financeira pois Jaime Antunes (administrador da SAD) e Paulo Alves (trabalhador da SAD) não foram aposta. Provavelmente, até esta exigível mudança fará com que Lourenço Pereira Coelho deixe a administração para voltar a exercer as suas funções anteriores, o que implique que um vice-presidente do Clube preencha o seu lugar no board da SAD.
Os Benfiquistas devem estar preparados, à cautela, para o que aí vem. O cenário extra-desportivo é negro e já partimos em falso com duas derrotas nas supertaças do futebol feminino e do andebol. Não é admissível. Não poderemos permitir que surja também uma delapidação por parte de terceiros das vitórias que a nossa história se encarregou de fazer aquilo que somos. Estamos vigilantes. E se for preciso atuar, cá estaremos, em defesa e honra do Sport Lisboa e Benfica!
João Diogo Manteigas, sócio 12.262