DELAPIDAção
Não há margem para justificar as evidências que estão ao alcance da inteligência de todos os sócios e adeptos. Apesar de mandatados democraticamente para o efeito, os representantes atuais do Sport Lisboa e Benfica irão tentar passar a mensagem cá para fora de que todas as movimentações de jogadores já realizadas (e ainda a realizar) foram planeadas e integram o projeto desportivo. Fica o aviso: não tentem fazer dos sócios parvos ao apontar o foco unicamente para a bola dentro da baliza em moreira de cónegos antes da paragem habitual para a desinteressante seleção nacional.
Fica o alerta e aviso sério a todos os que se encontram dentro do Sport Lisboa e Benfica: cá fora, os vossos consócios têm sensibilidade suficiente para perceber que a nossa instituição está a ser alvo de delapidação desportiva. É verdade que tenho a obrigação de saber (e, infelizmente, sei) que, como qualquer outra SAD, a nossa também tem que vender. Mas a pergunta que os benfiquistas devem fazer a quem nos representa é: porquê e a que custo?
As vendas de atletas deveriam ser consideradas como receitas extraordinárias, ou seja, contabilizadas como lucro extra para a SAD. Passa a existir um problema, que no SLB está à vista desarmada, quando as transferências começam a surgir em catadupa, umas a seguir às outras, ainda para mais de atletas com valor desportivo considerável e úteis ao projeto desportivo. Enzo, Ramos, Neves, Neres (e eventualmente Marcos Leonardo) não são trintões. Não estão a caminhar a passo largo para o final da sua carreira. Faziam cá mais diferença do que lá (onde se encontram).
A SAD tem um grave problema económico-financeiro. O passivo não é só brutal como se agravou nos últimos anos (2018/19: 364.619 milhões; 2019/20: 325.917 milhões; 2020/21: 379.606; 2021/22: 424.718 milhões e em 2022/23: 444.617). E mesmo que os paladinos da verdade venham defender que a dívida líquida reduziu, tal só é verdade de 2019/20 (92.753 milhões) em relação a 2018/19 (129.046 milhões) e de 2022/23 (140.823 milhões) para 2021/22 (147.088 milhões). Esta mais recente então completamente irrisória. Bem podem tentar arranjar formas de valorizar o ativo através de engenharia financeira e contabilística. Conheço todas. O único fator que irá recolocar o Sport Lisboa e Benfica no caminho da saúde financeira são ... VITÓRIAS e a longo prazo!
Por outro lado, a SAD vai ter que se reestruturar urgentemente na sua administração. A saída do ex-administrador financeiro, Luís Mendes, tornou a comissão executiva moribunda, sem representante para o mercado e com uma composição com dois membros apenas (Rui Costa e Lourenço Pereira Coelho) que envergonha qualquer acionista e investidor de uma sociedade cotada em bolsa. Pela minha leitura, alguém vai ter que entrar de fora para assumir a pasta financeira pois Jaime Antunes (administrador da SAD) e Paulo Alves (trabalhador da SAD) não foram aposta. Provavelmente, até esta exigível mudança fará com que Lourenço Pereira Coelho deixe a administração para voltar a exercer as suas funções anteriores, o que implique que um vice-presidente do Clube preencha o seu lugar no board da SAD.
Os Benfiquistas devem estar preparados, à cautela, para o que aí vem. O cenário extra-desportivo é negro e já partimos em falso com duas derrotas nas supertaças do futebol feminino e do andebol. Não é admissível. Não poderemos permitir que surja também uma delapidação por parte de terceiros das vitórias que a nossa história se encarregou de fazer aquilo que somos. Estamos vigilantes. E se for preciso atuar, cá estaremos, em defesa e honra do Sport Lisboa e Benfica!
João Diogo Manteigas, sócio 12.262