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Algumas sociedades desportivas da 2.ª Liga reuniram-se com Pedro Proença na semana passada para abordar temáticas como a centralização dos direitos televisivos, revisão da lei contra a violência no desporto, reformulação da justiça desportiva, criação da linha de financiamento para sociedades desportivas e clubes, revisão das verbas pagas ao futebol referentes às apostas desportivas, redução dos custos de contexto e o reconhecimento do futebol nas pastas da economia e das finanças.

O Benfica também tem a sua equipa “B” na 2.º liga, encontrando-se atualmente num meritório 2.º lugar da pole mas desconhece-se se a nossa SAD se fez representar nesta reunião sobre temas incomensuravelmente relevantes para o futuro do futebol e Liga.

Por outro lado, de todas as notícias que vieram a público sobre esta reunião, não houve uma única que tivesse descrito os resultados da mesma! Afinal, todos nós gostaríamos de saber quais as estratégias a adotar e os procedimentos a desencadear pelas sociedades desportivas através da Liga. São assuntos do escrutínio público. Não são objeto de confidencialidade. Todos os sócios e adeptos, em particular e acima de todos os envolvidos, devem saber e opinar sobre o que pensam fazer os dirigentes no futebol!

Mas o que assistimos foi de lamentar: uma autêntica propaganda direta à figura de Proença a empurrá-lo para a presidência da Federação Portuguesa de Futebol. Deu-se início oficial a um branqueamento de imagem concertado e público sobre o presidente da Liga, caracterizando-o como uma personalidade com “capacidade de gestão, liderança, organização e, sobretudo, que conheça bem o futebol nacional e também internacional” (Tondela) ou como um líder com valências que lhes permite ficar “tranquilos no sentido de que vamos continuar a evoluir e que o Futebol está no caminho certo” (Vizela).

O ar respirado naquela reunião deve ter sido misturado com algo de tal forma intenso que o presidente do Marítimo, perante a comunicação social, chegou mesmo a colocar Proença na cadeira do gabinete do 2.º piso do edifício principal da Cidade do Futebol quando se referiu ao mesmo como “o futuro Presidente da Federação Portuguesa de Futebol”. Pior visão só quanto ao resto da declaração do presidente maritimista ao ter considerado que “é importante levar para a Federação a experiência da Liga e a noção concreta dos problemas que os Clubes atravessam”. Sei que o Marítimo passou mal nos anos anteriores e desejo o melhor para uma instituição histórica com 114 anos de vida, mas, pergunto-lhes, qual experiência da Liga?

A tão propalada “recuperação económica da Liga entre 2015-2019” que se deveu, sobretudo, a uma recuperação da economia global devido às políticas dos bancos centrais, ao aumento das receitas da Champions e à inflação genérica que fez com que uma transferência de um atleta por 35 milhões passasse de abismal em 2015 para algo banal em 2024?

Ou no plano 2023-2027, em que supostamente os adeptos estariam “no centro do jogo” mas não vemos mais público nos estádios e em que se continua a assistir aos jogos em casa através de um pacote de TV caro (emitido por uma empresa composta por um cartel das operadoras nacionais mais relevantes) e sem ver pessoas nas bancadas com exceção feita ao Benfica que continua a dominar nas assistências em casa e fora?

Ou ter assistido ao atual Governo cujo executivo entrou em funções este ano e em tempo record fez o trabalho da Liga com um IRS Jovem (taxas mais baixas até aos 35 anos com exceção dos que ganham 81 mil EUR ano)? Ou ao facto da Liga não ter conseguido fazer lobby, desde há muitos anos, para que as sociedades desportivas, de uma vez por todas, consigam ter acesso à taxa reduzida de IVA?

Já nem escrevo sobre centralização pois não há adepto ou sócio que, entre outra informação, saiba valores reais de referência, projeto viável e potenciais investidores. A única coisa que se percebe à cabeça é o risco de não realização/conclusão de um jogo na Choupana às 18 horas! E mesmo assim a parceria da Liga com a operadora falhou. O futuro não é risonho. Oxalá me engane.

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Entrevista Jornal Sol - 27 setembro 2024