Competições: Reformulação Urgente

O Decreto-Lei 22-B/2021 de 22 de Março determinou que a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Liga devem apresentar uma proposta de modelo centralizado de comercialização dos direitos audiovisuais no final da próxima época desportiva 2025/26. Ou seja, praticamente, já amanhã!

Mas as gentes da FPF, Liga e das sociedades desportivas que compõem a 1.ª e 2.ª liga estão mais preocupadas com as eleições na Federação do que em pensar, debater e resolver em conjunto os temas prementes do futebol no seu todo. Típico dos bastidores do futebol português com indivíduos à espera ou a movimentarem-se para tachos.

Em género de nota, relembro que as eleições na FPF poderão provocar eleições na Liga e na Associação de Futebol de Lisboa (AFL). Por um lado, Proença vai-se oficializar candidato ainda presidente da Liga tal como Fernando Gomes em Dezembro de 2011. Por outro lado, Nuno Lobo avança enquanto presidente da AFL, uma das maiores associações do país e que o Benfica devia nutrir (a título de curiosidade, o CF Belenenses tem mais votos por ter mais formação).

Ninguém duvida que a centralização é relevante. Mas só terá mais sucesso e um impacto muito superior se acompanhada da necessária e inevitável reformulação dos quadros competitivos, incluindo, mas sem se limitar, a eliminação da taça da liga e a redução do número de participantes nas ligas profissionais, em particular, na 1.ª liga.

A taça da liga tornou-se dispensável com a alteração do formato da Liga dos Campeões e, numa altura em que a saúde física e mental dos atletas está em causa, acumula jogos num momento fundamental do calendário para efeitos de competições internacionais de clubes a eliminar para além de que coincide com eventos de seleções organizadas pela CAF (África) e pela AFC (Ásia).

À sobrecarga competitiva (com maior impacto nos principais clubes portugueses por serem os habituais participantes nas competições europeias) acresce a necessidade de termos que fortalecer e elevar a competitividade das equipas intermédias (Vitória Sport Clube (Guimarães) e Braga ou, se quisermos contar com a classificação final de 2023-24, Moreirense, Arouca e Famalicão).

Hoje, o exemplo comparativo da Liga portuguesa é o dos Países Baixos e este tem mais competitividade. Entre portas por ter 5 campeões nacionais desde a imposição do playoff em 2005-06 e, fora delas, pois 5 equipas estiveram nas competições europeias quase até ao final há um ano atrás. Também podemos discutir receitas mas faço sempre questão de relembrar que o campeão holandês recebe à volta de 11 milhões de euros por ano num modelo centralizado. Ou seja, o equivalente ao que o Braga recebe em venda isolada.

Menos clubes participantes trará mais concorrência interna (clubes médios preparados para lutar com os “grandes”) e ao incremento da competitividade desportiva para os que participam na UEFA (menos jogos internos, mais preparação). E se insistem em pensar na centralização, não se esqueçam que menos clubes, mais receita a dividir.

Seria útil (ou uma questão sobrevivência concorrencial) a reformulação imediata dos quadros para 16 clubes nas ligas profissionais pois o contrato celebrado em 2016 entre a FPF e a Liga permite o mínimo de 14 e máximo de 18 para a 1.ª liga e o mínimo de 16 e máximo de 20 para a 2.ª liga. O que nos permitirá pensar de seguida numa redução para 14 clubes com estratégias a implementar como 2 voltas (primeiros 6 classificados lutam pelo título e os restantes 8 pela manutenção), compensações para os relegados de divisão (apoio financeiro “parachute” ou de solidariedade) ou parte das receitas das competições UEFA a reverter para clubes intermédios.

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