Caça ao Poder Federativo

Iniciaram-se finalmente as movimentações oficiais para o ato eleitoral na Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Algo a que o Sport Lisboa e Benfica (SLB) não pode ficar indiferente e deve assumir, inclusivamente, um papel ativo.

Num mundo normal, o SLB sentar-se-ia à mesa, de forma isenta e independente, com todos os candidatos para perceber a exequibilidade das visões de cada um deles e, posteriormente, reuniria com os seus congéneres para analisar os projetos partilhados de forma teórica que visam moldar o futuro do futebol em Portugal.

Mas como, infelizmente, o futebol em Portugal ainda significa (por enquanto) poder e interesses, continuaremos a assistir a jogos de bastidores numa corrida à liderança de uma instituição cujo orçamento ascende a 120 milhões, dos quais apenas 3,33% (aproximadamente 4M) são provenientes de fundos públicos e isto sem contabilizar receitas das apostas desportivas (o que dispararia para mais 40 milhões). A gula é muita. E também é pecado.

O SLB, assumindo-se sempre como a maior potência desportiva nacional, tem que se interessar por este ato, pelas pessoas que a ele irão concorrer e adotar uma postura congregadora, procurando discutir com outros clubes a sua visão própria do setor. Isto se os nossos atuais dirigentes assim o intencionarem. Algo que, para já e que se saiba, é desconhecido.

Sabe-se, isso sim, que o presidente do Sport Lisboa e Benfica já assumiu a sua preferência pessoal e intenção de voto representativo do nosso Clube e da Benfica SAD numa figura que tarda em sair do armário da Liga. Que se sabe que tem vindo a influenciar determinadas figuras singulares e sociedades desportivas nas competições profissionais a que preside, muito provavelmente prometendo-lhes o que não devia.

O Presidente do Sport Lisboa e Benfica comete um erro crasso ao querer assumir, pessoalmente, o seu voto preferencial em representação do Clube e da Benfica SAD para efeito de eleições, seja na Associação de Futebol de Lisboa (AFL), na Liga ou na Federação. Ao Presidente cabe-lhe perguntar aos seus consócios o sentido de voto (pois é o Clube e a SAD que votam), respeitando-o para depois exercê-lo.

Quem tem dúvidas que o universo benfiquista nunca desejou Pedro Proença na Liga e ainda menos o deseja à frente da Federação, tal é a tormenta que vem imediatamente à cabeça de tal figura vestida de preto e de apito na boca?

Este pesadelo que tarda em desaparecer só será exponenciado se Artur Soares Dias assumir uma candidatura à Liga de Clubes. Neste cenário dantesco, o SLB deve ir à luta de punhos cerrados. Senão, mais vale tentar a inscrição na La Liga já aqui ao lado.

Entretanto, Nuno Lobo já oficializou a sua candidatura à FPF. Benfiquista assumido, partilhei com ele espaço entre fevereiro de 2011 e novembro de 2020 enquanto vogal e vice-presidente no Conselho Técnico da AFL. Foi mais aquilo que nos separou do que o que nos uniu. Mas quando há transparência, alcança-se consensos.

Defendo que o SLB deve sempre apresentar um candidato à Presidência da FPF, na Liga de Clubes e na AFL. No caso desta última, não querendo apresentar soluções para 2025, deve apoiar o já assumido candidato Vítor Filipe ao invés de Rui Rodrigues, promovido por Pedro Proença. Se todos querem brincar aos jogos de bastidores, é bom que o SLB se interesse e dite as ordens. Caso contrário, ficará sempre a perder.

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